domingo, 31 de janeiro de 2010

Velório avesso


  A vida é recheada de fatos engraçados, atropelos. Talvez um fato que mais tenha me marcado aconteceu em uma situação um quanto inusitada.

  A mãe de uma amiga havia morrido. Ficamos sabendo disso ao sair do Incitatus, uma boate de Caxias do Sul, isso por volta das 6h nos saudosos anos 80. Como bons amigos que éramos eu Andréa e Christiane, resolvemos sair da boate e irmos direto ao velório. Só que já estávamos para lá de Badgá, pois, pra variar, havíamos tomado todas. De quebra, o velho moderador de apetite para dar mais energia.

  Lá fomos os três para o velório nas capelas mortuárias do Pompéia. Lá chegando, Andréa e Chris entraram. Eu fiquei fumando um cigarro. Depois, fui comprar umas balinhas para purificar o hálito.

  Entrando na sala, fui direto ao espaço reservado aos familiares. Dei os pêsames a todos, tomei café, conversamos sobre a causa da morte, falamos da família e, principalmente, de agricultura. Isso que eu não entendo nada de agricultura. Já Lissandra, tinha ido para casa tomar banho e trocar de roupa.

  Enquanto Lissandra não voltava, resolvi sentar com os familiares em volta do caixão. Lá rezei o terço com um grupo de senhoras. Passado mais de uma hora, estranhei que Lissandra não ter voltado tampouco ter visto a Andréia e a Nani no velório. Pensei comigo mesmo? Aonde será que elas estão. Nisso, uma senhora resolveu arrumar umas flores junto aos pés da falecida. Resolvi ajudar, mas, para meu espanto, olhando bem o morto, descobri que o mesmo era homem, que havia entrada na capela errada. São três capelas, uma do lado da outra. Resultado, de nervoso, me deu um ataque de risos. Tive que sair rapidinho do local para não fazer fiasco.

  Passado o ataque de risos, entrei na segunda capela e nada das gurias. Não é que o velório estava acontecendo justamente na capela três. Lá entrando, fui finalmente abraçar a Lissandra. Já as gurias, estavam preocupadas comigo, pois havia sumido há mais de duas horas. Fomos lá fora e contei o que aconteceu. Recordo que nós quatro sentamos no meio fio e caímos nas gargalhadas. Por um momento, esquecemos da tristeza deixando a alegria tomar conta.

  Até hoje conto esta estória, e sempre que relato caio nas gargalhadas. O que faz o álcool e as drogas. Mas, uma coisa aprendi: sair de festas direto para velório, nunca mais, ainda mais depois de ter bebido todas.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Anjo da guarda



  Dei trabalho ao meu anjo da guarda, confesso. Na época da faculdade eu era medonho. Imagine um rapaz do interior deslumbrando ao desembarcar na capital gaúcha. Suas selvas de concreto, sua gente bonita, sua hospitalidade e sua noite encantadora, recheada de tribos diversas.

  Lembro que trabalhava no Unibanco de segunda a sexta, das 9h às 18h, fazia faculdade em São Leopoldo, na Unisinos e ainda tinha tempo para conhecer a noite porto-alegrense. Saia quase que diariamente. Barzinho, boates, tudo me fascinava. Ocidente, Porto de Elis, Cord, Bere Ballare, entre outras casas noturnas. Lá dançava sozinho em frente ao paredão de espelhos, acompanhado ou em grupo. O importante era me divertir, extravasar.

  Recordo que tomava todas e mais algumas. A saideira era eterna. Em determinado período cheguei a pensar que era alcoólatra, pois bebia tudo que fosse líquido do chimarrão com velho barreiro aos destilados mais fortes. O importante era beber até cair. O problema era o dia seguinte. Eu era viciado em aspirinas, pois a dor de cabeça era medonha e o gosto de corrimão na boca, detestável. Balinhas de menta todo o dia para purificar o hálito.

  Recordo uma vez, indo passar o final de semana em São Marcos, quase morremos na BR-116. Além de ter bebido todas, tínhamos tomado moderadores de apetite para ficar mais “alegres”. Imagine o estrago.
Na serra, próximo a gruta de Nossa Senhora Aparecida, quando vejo, passa um pneu por nós. Segundos depois, a Brasília amarela que estávamos roda na estrada. Nosso pneu tinha caído. Poucos quilômetros atrás tinha furado e na hora de trocar, chapados como estávamos, esquecemos de parafusar o pneu direito.

  O melhor foi ver a Lisa, a dona da Brasília, vomitar e procurar no meio do vômito, o remédio para emagrecer. Lembro que ela achou e tomou de novo. Eu sentei na faixa e ria feito louco enquanto os outros buscavam o pneu ribanceira abaixo. Mas, chegamos ao destino são e salvos. Nosso anjo da guarda queria arrancar as penas das asas.

  Na formatura do Beto, para variar, eu para lá de Bagdá, após ter bebido todas e não ter comido nada, estraguei a festa de todo mundo, pois vomitei no salão de festa dando um banho de mim mesmo e um show a parte. Arghs! Fui levado para casa na carroceria de um furgão e depois, ao chegar, colocado embaixo do chuveiro com roupa e tudo mais. Até aí tudo bem, recordo que eu tentava ficar de pé na carroceria dizendo que podia voar. Risos. Se caísse, não sobrava nada. O motorista corria feito louco. Até eu fiquei com pena do meu anjo da guarda.

  E, não faltaram peripécias, mas, melhor encerrar por aqui, ao menos hoje. Do contrário, sou capaz de escandalizar meus dois únicos seguidores e minha fiel leitora Camila, uma vez que meu anjinho da guarda já pendurou as chuteiras. Está internado em uma clinica para tratar o estresse.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Trocado pelo BBB10

  Sempre fui meio rancoroso, cabeça dura. Mas, ao mesmo tempo, fogo de palha. Se brigo ou tenho uma desavença, nada melhor do que o tempo para cicatrizar. A cura é rápida. Consigo esquecer rápido os problemas e perdoar, superar.

  Ouso a dizer que não gosto de brigar, simplesmente pego minhas coisas e me tranco no meu mundinho. Foi o que aconteceu no meu relacionamento. Não briguei, não bati boca, apenas peguei minhas coisas e voltei à Caxias do Sul.

  Confesso que tentei fazer as pazes hoje à noite. Convidei para passar o fim de semana comigo, mas, não foi possível. Imprevistos surgiram como falta de grana, isso que me ofereci para arcar todas as despesas, desde passagem. Sei que voltar das férias não é fácil, voltamos sempre com a grana curta, contada. Mas, o que me deixou intrigado foi à visita inesperada de uma tia.

  O engraçado é que esta mesma tia, durante cinco anos que estivemos juntos, raramente ligou e nunca apareceu para uma visita. Justamente neste final de semana que resolvi fazer as pazes ela resolveu aparecer para uma visita. Questiono: será verdade a visita ou apenas uma desculpa?

  E, para encerrar, ao conversar pelo celular, após o convite ter sido feito também pela minha mãe, disse que precisa desligar, pois havia barraco no BBB10, que precisa assistir. Tenha dó! Sei que ela é fanática pelo BBB, mas, esta desculpa só veio a confirmar o papel de tolo que fiz. Detalhe, ela tem assinatura do canal 24 horas do BBB10. Ah! Ela disse vir para Festa da Uva que começa dia 18 de fevereiro. Será?

  Bem, minha parte eu fiz, estou tranqüilo. A procurei embora tenha levado um fora triplo. Agora, é partir para outra, pois quem fica parado é poste. Seio que não sou nenhum George Cloney, mas sei que tenho meu charme. Então, com licença, mas vou à luta.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Desapego com as palavras

  Ando preguiçoso para escrever. Ás vezes, isso acontece. Oras escrevo feito um louco, como se precisasse desabafar com o mundo, oras como se fosse salvar uma vida, a minha própria vida. Outras vezes bate uma preguiça, uma vontade de sumir, não postar mais nada, fechar a porta para o mundo. Mas, felizmente, são fases, altos e baixos que a vida nos proporciona. Ou, quem sabe, que nos mesmo nos proporcionamos inconscientemente.

  Atualmente estou nesta fase de baixa. Tenho me concentrado no trabalho, que felizmente, não posso me queixar, estamos com um movimento razoável, sem contar que amo o que faço. Não ganho muito, mas dá para viver com certo conforto.

  Às vezes penso que este meu desapego as palavras esta na saudade, saudade do meu ex-amor, afinal, foram cinco anos convivendo todos finais de semana. Ouso a confessar que sinto saudades do Expresso Caxiense, do MP4 no ouvido e da expectativa de quem vai sentar do meu lado, assim como se serei recebido de braços abertos na Estação Rodoviária ou mais uma vez pegarei um solitário táxi. Bobagens, apenas bobagens, mas, que me faziam bem. Talvez a saudade de dormir abraçadinho, da companhia no cinema, do jantarzinho feito em casa, estas pequenas coisas que parecem sem valor, mas que são de grande valor.

  Pode ser também a saudade da convivência com meu sobrinho, afinal, foram dez dias de férias juntos, onde, pela primeira vez, não brigamos. Afinal, ele já é um adolescente, 15 anos. Rodolfo é um bom amigo, companheiro. Divertíamos-nos muito no cinema, em casa vendo dvds, caminhando pela rua, na sorveteria e principalmente, na Livraria Saraiva onde ficávamos horas e horas olhando livros, cds e dvds. E é claro, gastando pequenas fortunas. Em casa, aquela overdose de cultura. Devorávamos dvds inteiros de seriados. Um episódio após o outro.

  Talvez a falta de postagens no blog possa ser atribuído ao serviço, afinal, comecei a trabalhar segunda-feira. Voltei lento, mais gordo das férias. Até lembrar tudo que esqueci neste breve período não será fácil, mas aos poucos, tudo volta ao normal. Também tenho conversado muito, afinal relatar um mês de férias com os colegas de trabalho também não é tarefa fácil. Todos estamos recheados de novidades para trocar.

  Confesso que falo muito, o serviço exige, e a necessidade de contar sobre as férias, saber das férias do colegas, faz com que eu fale mais, o dobro. Até calos nas cordas vocais ganhei. Estou com a voz meio roupa, mas, nada que um final de semana em casa, quietinho, não recupere. Mas, prometo semana que vem ser mais assíduo neste blog e postar, no mínimo, um texto por semana.

* Marcinha compacta, amo você e desculpe a ausência. Espero ter justificado.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Amores virtuais


  Estranho como algumas pessoas que não conhecemos pessoalmente, só virtualmente, podem nos cativar tanto, fazer parte de nossas vidas. Um sentimento tão grande toma conta da gente. Difícil de explicar, mas, gostoso de sentir.

  Diariamente, ou semanalmente, gostamos de ter notícias, recados, post, scrap, e-mail, torpedo, ou mesmo uma ligação trazendo notícias dos amigos. Nosso dia torna-se mais alegre, feliz.

  Umas das pessoas que adoro ter por perto e minha compacta Marcinha, uma baixinha linda, de pele morena, voz sensual e de uma risada contagiante. Ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas, tenho certeza que ainda vamos nos encontrar pelas esquinas da vida. Um sonho que ainda vou realizar.

  Marcinha já faz parte da minha vida. Adoro abrir meu orkut e encontrar um scrap, ver sua fotinha na minha página. E, agora, um comentário em neste meu blog. Confesso que meus dias ficam mais radiantes. Quando ligo para Belém do Pará, onde ela mora, é o paraíso. Tão longe e tão distantes ao mesmo tempo.

  Cleidinha, minha flor, de Porto Velho, é outra pessoa que amo. Assim como a Marcinha, acompanhei várias passagens difíceis de sua vida, mas todas superadas com força, garra, vontade e sabedoria. Duas mulheres pequenas, mas de raça e coragem.

  Se encaixa neste perfil também Carlinha, de Santa Maria, outra mulher forte e de personalidade. Destaco também a paulista Ivoni e as gaúchas Janis e Lia. E, não podia faltar, meu irmão Carlos, um paulista nota dez.

  Tenham certeza que vocês todos, de uma maneira ou de outra, estão presentes em minha vida, em meu coração. Por vocês, assim como meus familiares, peço proteção para meu anjinho da guarda diariamente. Ele já deve estar louco, arrancando as penas das asas com tantos nomes para proteger e zelar.

  Para finalizar, só posso salientar que a internet é algo maravilhoso, pois aproxima as pessoas, não importa a distância, sem contar que facilita nossa vida. Hoje, é impossível viver sem ela.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Difícil recomeço

  Pelo jeito 2010 não será o meu ano, bem como o de muita gente. O ano começou com inúmeras tragédias e comigo, não podia ser diferente. Mas, nada na proporção que as catástrofes mundiais. Ainda bem!


  Inicialmente, em pleno período de férias, uma crise forte de labirintite e alergia ao sol. Pode? Resultado: voltei do litoral antes do previsto para os consultórios médicos.

  Medicado, adeus labirintite e alergia ao sol, embora tenha recebido recomendação para evitar o sol e quando me expor usar filtro solar de proteção 60. Já sou branco, é capaz de ficar mais branco ainda, transparente.

  Sou daqueles que quando vai ao sol, fica amarelado, rosado e não bronzeado. Será a descendência de alemães com portugueses? De quebra, andando de bicicleta pelas ruas de Caxias do Sul, como nem sou estabanado, consegui quebrar, destruir um dente. A brincadeira vai resultar no meu primeiro implante dentário e a boca inchada. E o pior, um alto investimento. Não basta voltar sem grana de férias, tem que ter gastos extras. Risos.

  Dando continuidade as tragédias pessoais, no início do ano terminei meu relacionamento de mais de cinco anos. Decorridos 18 dias, tinha esperança de uma reconciliação, mas, isso está difícil de acontecer. Sou cabeça dura, mas confesso que ela é bem mais que eu. Cheguei a conclusão que não gosto de pessoas bipolares, mas, por incrível que pareça, são estas que me atraem.

  Como ela está em Bombinhas, tenho recebido alguns torpedos relatando como estão às férias, sozinhas, no paraíso Catarinense. Pensei que este tempo ocioso, livre, ajudasse para refletir. Mas, pelo jeito me enganei. Só quem colocou a cabeça no lugar fui eu. Bem, eu acredito. Um dia recebo mensagem que me deixa animado, no outro, palavras vazias, soltas, conseqüência de uma pergunta minha.

  Sinto falta, assumo, mas, também estou conseguindo levar a vida e não me estressar, muito. Tenho levado os últimos dias de férias na boa, curtindo meu sobrinho que, aliás, é um doce de pessoa. Vale à pena ter sua companhia. Apesar dos seus 15 anos, parece mais um adulto. Às vezes acho que ele tem mais juízo que eu. Risos.

  Espero que daqui para frente, as coisas melhorem para mim e para nosso mundinho. Mas, tudo somado, acho que fui, sou feliz.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pluft, meu fantasma camarada


  Um fato marcou minha vida na época da faculdade. Aluguei um apartamento de um quarto na Rua 24 de Maio, no Centro de Porto Alegre. Morava sozinho ou pensava que morava, pois fatos misteriosos acontecem na casa.

  Um deles, sem sombra de dúvida, foi ter esquecido a chaleira com água quando fui trabalhar às 9h da manhã. Ao chegar da faculdade por volta das 23h45, ao entrar no apartamento, uma surpresa. Um bilhete escrito por um funcionário do Corpo de Bombeiros dizendo que eu esqueci a chaleira ligada e tiveram que arrombar a porta, mas, que não precisava me preocupar, pois a porta tinha sido consertada e a cozinha estava limpa e organizada. Para minha surpresa, estava mesmo.

  No dia seguinte, fui agradecer os funcionários do Corpo de Bombeiros. Na oportunidade, levei um merecido puxão de orelha. Já a chaleira, ficou uma obra de arte abstrata, toda retorcida.

  Meses depois, numa noite chuvosa de sábado, nada pra fazer, a não ser reunir amigos para contar causos, beber e jogar. Certa hora da noite, já embalados e mamados, resolvemos brincar o jogo do copo, aquele que você tenta se comunicar com os mortos. Tudo normal até chegar a minha vez. Ao tocar suavemente no copo e perguntar se havia alguém na sala, o copo saiu voando se estraçalhando na parede. Ficamos mudos, gelados. A brincadeira e a noitada terminou ali mesmo. O susto foi tanto que a bebedeira também passou.

  No dia seguinte, ao acordar, resolvi tirar um sarro de mim mesmo e disse: “pluft, liga a luz”. Para meu espanto, a luz do quarto ligou. Fiquei branco, assustado, mas, não satisfeito, tornei a disser: “pluft, apaga a luz”. E a luz apagou. Confesso que quase me borrei na cueca. Passado o susto, resolvi não brincar mais e fiquei alguns dias sem brincar de aceder e apagar as luzes.

  Uma semana depois, também no sábado, ao receber a visita de uma amiga, contei o que tinha acontecido. Ela riu e disse que era reflexo da bebedeira e outras “cositas” mais. Vale lembrar que ela participou do jogo do copo.

  Não satisfeito com o que ela falou, pedi ao pluft que a luz se apagasse. Para nossa surpresa, a luz apagou. Pedi a que a luz ligasse de novo, e a luz ligou. Recordo que fiquei neste liga e desliga uns 10 minutos, provando não se tratar de coincidência. Assustados com o fato inexplicável seguimos ao nosso destino, o bar Ocidente. Não dormi em casa.

  No dia seguinte, contamos o fato a outros amigos, mas ninguém acreditou em nós alegando que estávamos bêbados e chapados. Para provar, os levamos até meu apartamento. E, a luz ligou e desligou cada vez que eu solicitava.

  O engraçado é que só eu conseguia tal proeza. E, assim, o Pluft tornou-se meu companheiro de apartamento, fazendo parte do meu cotidiano e de meus amigos. O Pluft tornou-se um amigo íntimo e confidente.

  Um dia, durante a visita de minha mãe, uma vizinha veio pedir uma xícara de açúcar dizendo estar fazendo um bolo. Convidamos ela para entrar, mas ela se recusou. Não satisfeita, minha mãe a questionou. Ela disse que no apartamento, anos atrás, uma criança havia sido morta pela mãe. Seu corpo ficou por meses embaixo da pia.

  Os vizinhos desconfiaram da morte da criança pela ausência de choro e pelo cheiro forte de podre. Os bombeiros foram chamados e arrombaram a porta, encontrando o corpo da criança de mais ou menos seis meses. A mãe da criança foi presa, já o pai não foi achado.

  Segundo os vizinhos, ele não queria o filho, pois a criança chorava muito, não deixando o pai descansar quando chegava cansado do trabalho. Resultado: acabou abandonando a mulher que, revoltada, acabou matando e esquartejando a criança.

  Não acreditando nesta horripilante história contada pela vizinha fui pesquisar na Zero Hora e Correio do povo. Para minha surpresa, era tudo verdade.

  Um dia, encontrei a vizinha na rua e acabei contando que tinha pesquisado e que realmente era verdade tudo o que ela falara. Mais tarde, descobri que Fernanda, a vizinha, era um travesti. Trabalhava em um salão há uma quadra de casa. Acabei ficando seu cliente. Anos mais tarde, já morando aqui em Caxias do Sul, soube que ela foi assassinada ao sair de uma boate pelo namorado.

  Minha mãe, vendo que eu estava assustado com os fatos, disse que não era para me preocupar, pois o Pluft nada mais era do que um anjo, um espírito de luz que estava ali para cuidar e me proteger, bem como a casa.

  No dia seguinte, ela foi até a igreja matriz pedir a um padre que viesse benzer e rezar no apartamento. Depois disso, nunca mais as luzes se acederam ou apagaram. Segundo o padre, pluft finalmente encontrou o merecido descanso.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Admiração e respeito

  Existem pessoas que admiramos, temos o maior carinho, respeito. Pessoas que queremos ter sempre por perto, que são espelhos por suas atitudes, sapiência, o modo como enfrentam a vida.

  Uma destas pessoas e meu chefe. Sem sombra de dúvida, um excelente administrador. Não é por menos que ele esta a frente do local onde trabalho a mais de 15 anos.

  Gosto de ver o modo como ele conduz a empresa. Sempre tem uma solução para os inúmeros problemas do cotidiano, sem contar de um sorriso amigo nas horas incertas. Até quando cometi alguns deslizes, ele soube me chamar atenção com diplomacia e requinte.

  Um fato que jamais vou esquecer foi quando meu pai morreu. Como moro em Caxias do Sul e o velório foi em São Marcos, ele fretou dois ônibus para levar todos os colegas para a despedida. E, o complexo de compras foi fechado. Esta foi à primeira é única vez que vi parar o shopping de fábricas, com exceção de alguns poucos feriados.

  Nossa convivência é tão boa, que já me considero da família. Tenho paixão por seu filho, meu companheiro de trabalho, e sua esposa, uma mulher pequena, mas sábia. Adoro falar com ela sobre o trabalho, sempre aprendo muito.

  Outra pessoa que admiro muito, também do trabalho, é a Camila, uma jovem empresária. Desde cedo ela trabalha na loja. Faça sol, faça chuva, apesar da pouca idade, ela sabe com precisão dirigir sua empresa, sem contar que é uma excelente estilista e amiga. Mora no meu coração.

  Conheço Camila há uns dez anos, ela devia ter uns 15 anos e já estava à frente da empresa, embora venha de uma família bem sucedida e de excelente poder aquisitivo. Se quisesse, podia estar em casa, se dedicando apenas aos estudos, mas, sempre trabalhou junto com seus pais. E o melhor, é simples, autêntica, verdadeira. Ouso dizer que é impossível não gostar e não se apaixonar pela Camila.

  Vale ressaltar também minha admiração por minha mãe e minha irmã. Duas mulheres guerreiras, fortes, sem contar meu cunhado, que arregaçou as mangas, esqueceu do orgulho e foi à luta.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O poeta e a cicatriz

  O tempo não para, nem nunca envelhece já dizia o poeta. A ferida não cura, não cicatriza. E eu me pergunto: onde foi que eu perdi o teu sorriso, o meu sorriso?

  Pois é, decorrido mais de uma semana, apenas um torpedo recebi dizendo: “você faz muita falta!”. Estas foram as únicas notícias recebidas em treze dias. Mas, que falta é essa onde o silêncio machuca mais que as palavras não ditas. Percebo que o silêncio também é uma forma de agressão. Não fere o corpo, mas a alma.

  Mesmo sendo cabeça dura, respondi ao torpedo, aquelas simples palavras que me fizeram sorrir por um momento. Minhas palavras: “Também sinto saudades. Você faz falta em toda coisa que eu faça ou não faça”. Se o celular não tivesse acusado que a mensagem foi entrega e lida, diria que não chegou ao destinatário.

  Onde será que errei me questiono? Será que fui econômico demais com as palavras? Será que devia ter tido um “Eu te amo”, ou mais uma vez ter pedido desculpas mesmo não estando errado. Pois é, várias vezes assumi os erros para evitar maiores discussões. Claro, que nem sempre acertei, também tenho certeza que errei muito menos que ela.

  Muito refleti sobre está declaração. Me questiono onde errei, onde falhei, ou será melhor por no plural estes questionamentos: onde será que erramos, falhamos?

  Confesso que às vezes queria saber, às vezes não, afinal, tenho certeza que eu dei o melhor de mim apesar de alguns pequenos tropeços. Mas, só sei de uma coisa, foi bom demais enquanto durou, ou, como já dizia o saudoso poeta: “que seja infinito enquanto dure”. O meu, foi infinito enquanto durou, ouso afirmar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Férias, filme e tapioca


  Férias em Caxias do Sul. Nada melhor do que ir até a locadora mais próxima e locar alguns filmes. Foi o que fiz nesta nublada terça-feira. Descubro que trinta dias de férias é muito tempo. Descansamos até demais. Na minha opinião, devíamos ter duas férias por ano, duas de 15 dias, ou quatro de uma semana.

  Voltando aos dvds, assisti ao filme Recém Chegada, com René Zellweger, uma atriz que adoro. Ela esta ótima nesta comédia romântica. O filme abordou, entre outros temas, o amor e a amizade. Mas, foi na culinária que me identifiquei e lembrei do meu ex-amor que, apresar de não saber nada de tapioca, receita abordado no filme, sabia preparar comidinhas deliciosas.

  Seu molho de cachorro quente era, é saboroso. Não provei melhor. Nem o molho do cachorro quente do Rosário é tão bom. A mesma delícia fica no preparo de salmões e camarões. Frutos do mar é sua especialidade. E, dando continuidade, seu arroz com galinha ou galinha na cerveja era saboroso. Mas, voltando à tapioca, conheci este exótico prato em uma de nossas muitas viagens à Bahia, principalmente em, Salvador.

  Para matar a saudade, resolvi fazer uma tapioca em casa. E, por incrível que pareça, acertei o ponto. Ficou uma delícia. Pena não poder oferecer uma para vocês, mas, deixo a receita abaixo. É saborosa. Mas, ficar em casa, parado, com a mãe do lado é difícil. De uma hora para outra ela resolveu ir para Feira do Agricultor que acontece todas as terças-feiras na antiga Estação Férrea. Nunca tinha ido.

  Fiquei encantado com a diversidade de frutas e verduras do local, sem contra das descentes de italianos e alemães, criados a Toddy. Era um desfile de miscigenação italiana e alemã. Difícil de saber dizer qual a mais bonita. Todas loiras, altas, magras e de olhos claros. Uma covardia! Terça-feira que vem quero ir à feira de novo. Risos. Mas, o que me questiono e nenhum olheiro de moda ter descoberto futuras manequins por lá.

  Ah! Antes de encerrar este texto, não posso deixar de relatar um fato engraçado, mas ao mesmo tempo comum na Feira do Agricultor. Na hora de pagar o quilo de pepino, R$ 0,95, o troco, foi um pepino. O mesmo aconteceu na hora de pagar as batatas, ganhei mais duas para fechar dois reais o quilo. Com certeza, bem mais saudáveis que as detestáveis balas que ganhamos de troco na maioria dos estabelecimentos comerciais.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Eterno recomeço

  Nas segundas-feiras acordo lento, mais lento do que o normal. Até para sair da cama e difícil. O banho parece ser mais demorado, assim, como o vestir e o café. Mas, susto mesmo tomei ao subir na balança. Não é que a danada registrou 94 quilos. Não satisfeito, desci e subi de novo. Para minha surpresa, lá estavam os 94 quilos registrados novamente. Deu vontade de jogar a balança do quarto andar, mas, após pensar, ela não tem culpa se comi demais, sem contar que teria que comprar outra, o que seria pior.

  Este é o resultado das festas de fim de ano, onde só comemos e bebemos. É uma orgia alimentar. Come-se de tudo, bebe-se de tudo.

 Bem, concluído que estava acima do peso, diga-se de passagem, bem acima, resolvi adotar medidas drásticas aproveitando que é segunda-feira, ou seja, dietas já.

  Meu café da manhã: uma xícara de café com leite desnatado. Depois, caminhada de uma hora e meia no “Parque dos Macaquinhos” com direito a muito suor. Chegando em casa, outro banho e Madonna a todo volume.

  Para testar minha forma de vontade, minha mãe resolveu aprontar comigo e fazer panquecas de almoço. É covardia, pois amo panquecas, principalmente as feitas por mamãe.

  De início ela trouxe uma panqueca, sem recheio, para experimentar, afinal, tinha que experimentar para ver se estava bom de sal. Uma delícia, deu vontade de atacar e devorar todas, mas, por incrível que pareça, consegui me conter. Enchi a barriga d água. Arghs!

  E, como estou de férias até quinta, sem nada para fazer em casa, minha força de vontade foi testada também à tarde. Dona Helena fez uma nega maluca com recheio e cobertura de chocolate e leite condensado. Que tortura! Passei a tarde toda olhando para a nega maluca e ela olhando para mim. Em determinados momentos juro que vi a neguinha assanhada olhando para mim, piscando, dizendo: “me come”. Mas, resisti.

  E, as tentações não pararam por aí. De noite, adivinhem qual foi o jantar? Arroz, bife, batatinha e ovo frito. Não agüentei. Mandei o regime para aquele lugar e devorei o completo feito por minha mãe.

  Fui deitar com complexo de culpa por causa da minha gula. Isso é o que dá estar de férias, em casa, na companhia de uma super mãe. Help!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Músicas inesquecíveis


  Existem músicas que são eternas, não envelhecem jamais. Não saem da lembrança, da cabeça. De vez em quando, quando menos percebo, me pego cantarolando estrofes ou assoviando uma melodia.

  Um bom exemplo é Foi Assim, de Fafá de Belém. Recordo que era pequeno quando ouvi pela primeira vez a música, em Passo Fundo, no sítio de vinha falecida avó, no velho e saudoso rádio de pilha grande, cor cinza e antena quebrada. Até hoje hoje escuto a música religiosamente e lembro com ternura daqueles velhos e bons tempos: “Foi assim, como um resto de sol no mar, como a brisa da preamar, nós chegamos ao fim ...”.

  Uma música que é uma espécie de trilha sonora da minha vida é Mania de Você, de Rita Lee: “Meu bem você me dá, água na boca, vestindo fantasias, tirando a roupa, molhada de suor, de tanto a gente se beijar, de tanto imaginar, loucuras...”. Quantas e quantas vezes dançei de rostinho colado, sem contar os beijinhos trocados, roubados e outras “cositas” e pecados mais.

  Não podia faltar aqui Roberto Carlos. Todos nós temos uma música do rei que embalou determinado momento de nossa existência. Comigo, não podia ser diferente. Detalhes é a canção que não me sai de cabeça, talvez, nem da sua, afinal: “Não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida, eu vou viver...”.

  E, a lista de músicas romanticas não param por aí. Nela aparecem nomes como Maria Bethânia, Gal Costa, Ana Carolina, Marisa Monte, Elis Regina, Maria Rita e Joanna. E, ainda Cássia Eller, Simone, Paula Toller, Zizi Possi, entre outras.

  Mas, nem só de romance é composta a trilha sonora de minha vida. Posso dividir em fases, períodos. Na fase bicho grilo: Janis Joplin, Pink Floyd e Joe Cocker servem como exemplo. Na roqueira: Kiss, Queen e ACDC são o destaque. Já no samba: Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes, minhas sambistas favoritas. Para encerrar, senão a lista seria interminável, a saudosa fase “disco” ou da discoteka: Donna Summer, Dianna Ross e Glória Gaynor.

  Atualmente, ando meu nostalgico. Escuto, dia e noite o saudoso Wilson Simonal. Um grande interprete da música popular brasileira esquecido durante muito tempo. Felizmente sua obra foi resgatada através de belo documentário Ninguém sabe o duro que dei e do tributo em cd e dvd: O baile do Simonal. Vale a pena conferir!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Envelhecimento


  Estes dias, assistindo televisão, acompanhei uma entrevista como minha diva, Maria Bethânia. Confesso que sou apaixonado por sua voz. Tenho toda coleção de cds e dvds disponíveis no mercado. Não me canso de ouvir e reouvir. Algumas canções fazem parte da minha vida, marcaram bons e maus momentos.

  Bethânia não fala, canta e encanta. Mas, o que me chamou a atenção foram os cabelos brancos da diva. Bethânia envelheceu e, como um bom vinho, ficou melhor. Mas, não me sai da memória os seus cabelos brancos. Percebo que minha cantora maior envelheceu e, por conseqüência, eu também. Olho-me no espelho e vejo os meus cabelos brancos, as marcas de idade espalhadas pelo rosto.

  Uma olhada mais atenta e vejo que meus sobrinhos cresceram, estão moços, bonitos, fortes e saudáveis. A menina já está namorando. Até o filho do meu chefe, aquele garoto esperto que me fazia companhia no trabalho sábado à tarde, está grande, inteligente e freqüenta festinhas.

  O pior não é saber que o corpo envelheceu, que estou mais gordo, mas saber que a mente não envelheceu. Sinto-me como um garotão de 20 anos de idade, apenas com algumas limitações. Já não subo as escadas correndo, falta resistência. Chego ao quarto andar suando, ofegante. Ah! Que falta faz um elevador no prédio. Pensando bem: que falta faz um exercício neste “corpitcho” de forma arredondas.

  O bom de tudo é saber que os conhecimentos adquiridos, ninguém nos tira. Queria ter os meus 20 e poucos anos de volta, mas com a sapiência de hoje. Confesso que tudo seria mais fácil. Quantas dores de cabeça teriam sido evitadas. Com certeza, teria amado mais, abraçado mais, viajado mais. Mas, de tudo, uma coisa aprendi: é preciso amar as pessoas, a natureza, como se não houvesse amanhã.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Distraído, eu?!

  Acredito que não existe pessoa mais atrapalhada, estabanada, distraída, fora de sintonia como eu. Sou um perigo ambulante. Pareço um personagem extraído dos filmes de comédia onde tudo dá errado. Merecia uma classificação do governo: “O Ministério da Saúde adverte: ter o Jean por perto pode ser prejudicial a sua saúde, além de perigoso”.

  Hoje mesmo, ao levar o lixo para fora do prédio, fiquei impressionado como consegui fazer tal proeza. Tinha três sacos, destes de mercado de lixo na mão e minha carteira apenas. Coloquei o lixo seco na sua devida lixeira. Já, na hora de colocar o orgânico na lixeira, jogo a carteira junto. Resultado: me joguei dentro da lixeira atrás da carteira, que para minha sorte, foi parar no fundo, afinal, não podia ser diferente. Eu mesmo ria sozinho, pois quem viu a cena não deve ter entendido nada: eu de pernas para o ar com a cabeça enfiada na lixeira. Sem contar que quem não é de Caxias, não conhece o tamanho das lixeiras espalhadas pela cidade. Dá até para morar dentro.

  Quando morava em Porto Alegre em Porto Alegre, na época da faculdade de jornalismo, consegui ser atropelado três vezes. Pode? E, por incrível que pareça, sempre na mesma esquina. Explico: morava em um prédio localizado na Avenida Venâncio Aires quase esquina com a Rua João Pessoa. Quem conhece, sabe como é movimentado e perigoso atravessar esta esquina. No local, existem duas sinaleiras, uma para pedestre e outra para os automóveis. Não sei como, mas conseguia me confundir qual era a de pedestre. Insistia em escolher a de automóveis e acabava sendo atropelado. No plantão do HPS, já era tratado como um velho conhecido pelos médicos e enfermeiras, principalmente por Elisa, uma linda enfermeira, super simpática e querida que mais tarde tornou-se uma de minhas melhores amigas da capital gaúcha. Aos domingos, quando não tínhamos nada para fazer, ela zoava perguntando se eu não queria dar uma voltinha de ambulância. Eu hein!

  Mas, o melhor vem agora. Na esquina, em frente à sinaleira, existia ou ainda existe uma farmácia. Depois de ser atropelado várias vezes, as atendentes, quando me viam parado na esquina esperando o sinal abrir, me ofereciam ajudara para atravessar. Que mico!

  Nesta mesma esquina, a pé, consegui atropelar um táxi lotação. O veículo ameaçou andar e não andou e eu, muito tonto, entrei com tudo. A batida foi tão forte acabei caindo sentado no chão às gargalhadas. Só agora, ao relatar estas lembranças, percebi que esta esquina foi muito marcante na minha vida. Certa noite, após ter tomado todas e mais uma, não consegui chegar em casa.

  Acabei dormindo, junto com uma amiga, na rua, por coincidência, neste tão citado cruzamento. Recordo que até ganhei umas moedinhas de uma senhora que acabei comprando uma cartela de aspirinas na farmácia.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A dor de uma saudade


  É nestas horas, soltas, vazias, entre um pensamento em outro, que bate a saudade. Uma dor apertada lá no fundo do peito. Difícil de ser descrita, mas que faz parte da rotina de todos.

  Primeira pessoa que vem a mente é meu pai. Mais de oito anos se passaram, mas, parece que foi ontem. A dor não cicatriza. Ainda me lembro dele chegando em casa me chamando ou assoviando “fio”.
Tivemos muitas brigas, muitos atritos, mas, o amor foi maior, tenho certeza. Me arrependo de não ter dito mais vezes “eu te amo paizão”, ou de ter, na hora da raiva, ter extravasado com frases impensáveis e inconsequentes. Perdão pai!

  Saudade também dos tios e amigos que já partiram de forma trágica, inesperada. Faltou um último abraço, um beijo, expressar realmente o quanto eles eram importantes. Guardo, com carinho, algumas poucas fotos. E, na memória, um tempo fantástico que não volta mais.

  Saudade também dos ex-amores. Cada um, uma marca ficou, uma espécie de assinatura pessoal e intransferível. Os momentos ruins foram deletados, apenas os bons estão perpetuados.

  Ouso dizer que sou muito nostálgico, por consequência, tenho saudades de quase tudo, de amores a coisas materiais. Esta semana mesmo, ao assistir Enquanto você não chega, com Richard Gere, solucei na sala de cinema ao conhecer a vida de Hachiko, um filhote de cachorro da raça Akita. É encantador presenciar os laços de amizade e lealdade entre o cão e o seu dono.

  O filme trouxe de volta uma velha pergunta que me acompanha há anos: será que quando chegar nosso dia seremos recebidos por todas as pessoas que amamos? Será que iremos realmente nos reencontrar? Se alguém souber a resposta, por favor, me esclareça.



  * Dalton, Geralcina, Ione, Sadi, Earle, Davi, Beti, Herondina, que falta vocês fazem. Aí do céu, iluminem nossos caminhos.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Transformações modernas


  Confesso que não sou muito observador, pelo contrário, sou distraído ao extremo. Mas, ultimamente, uma coisa tem me chamado atenção, a verdadeira idade das mulheres. Antigamente elas escondiam ou diminuíam a idade apenas.

  Eu mesmo tenho amigas que quando chegaram na casa 30 anos e lá permaneceram por anos a fio. Entrava e saia ano, nos seus aniversários, perguntava a idade delas e a resposta era sempre a mesma: 30 anos. Juro que algumas permaneceram com 30 anos por uma década. Enquanto isso, o tempo passou para mim. Já estou na casa dos 40 anos e elas com, no máximo 34 anos.

  Hoje, com tantas cirurgias plásticas e procedimentos estéticos tornou-se praticamente impossível saber a verdadeira idade das mulheres, principalmente, as coroas. Algumas chegam a mudar até de feições, transformando-se em outras pessoas. Bem, melhor nem comentar. Já para outras, as inúmeras intervenções cirúrgicas plásticas só favoreceram. Veja o caso de Madonna e Cristiane Torloni, ambas cinquentonas e lindas.

  As jovens de hoje parecem terem saído de uma fábrica de montagem que produz milhares de peças em série por dia. Todas são ou querem ser magras, loiras e de cabelos lisos. Ser morena é uma espécie em extinção, cabelos crespos então nem pensar, é um pecado. Até as negras, com exceção da Taís de Araújo, a Helena de Viver a Vida, são lisas. Exemplo maior são as cantoras americanas Rihanna e Beyoncé, está última cada vez mais loira e de cabelos lisos.

 Os homens também não tem ficado para trás, maior exemplo de transformação é o do saudoso Michael Jackson. De negro, ficou branco, com direito a cabelos lisos e lábios finos. Ninguém dizia que o pop estar era cinquentão. E pensar que no meu tempo transformação era coisa de travesti.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Férias em Caxias do Sul


  Sou natural de Santa Maria, mas me considero caxiense de Coração. Foi Caxias do Sul quem me acolheu de braços abertos. Bem, não tão abertos. Os primeiros anos foram momentos difíceis para um adolescente e sua família. Os italianos são muito reservados, fechados. Trabalham muito e se divertem pouco na minha opinião. Felizmente, os valores estão mudando.

  Amo esta cidade, suas ruas, avenidas, bairros, sua gente, o clima frio e úmido, sem contar as belezas naturais e a gastronomia farta. Ouso dizer que Caxias está no tamanho exato, nem grande ou pequena. Ainda é possível se deslocar de um bairro para outro sem muito estresse. Ainda, volto a frisar!

  Em algumas ruas já é caótica a situação do trânsito, sem contar da falta de respeito e conscientização de alguns motoristas. Alguns teimam em desconhecer pisca-pisca, semáforo, preferencial e faixa de segurança. Outros vão além, sinalizam que vão dobrar para esquerda e entram para direita. Eu hein!?

  Mas, um fato me chamou atenção esta semana: o movimento da cidade, afinal, estamos no período de férias. Congestionamento na Júlio de Castilhos, Pinheiro Machado e Sinimbú fazem parte do cotidiano deste início de ano, assim como as filas quilométricas nas lotéricas e bancos. Ah! Sem contar que em fevereiro começa a Festa da Uva, a cidade está um canteiro de obras para receber bem o visitante. Melhorias são necessárias apesar do tumulto que geram.

  Em alguns estabelecimentos comerciais é visível a falta de pessoas no atendimento, pois muitas estão de férias. Na última segunda-feira, na loja da Vivo, demorei mais de 15 minutos para fazer uma simples recarga. Nas Lojas Renner, inúmeros caixas fechados. Somente dois atendendo para compras e pagamentos. Enquanto isso, o setor de pagamentos de carnes estava fechado. Já no GNC Cinemas, esqueceram de avisar a menina que vende ingressos para ser simpática com os clientes.

  No Carrefour, uma tragédia, filas e mais filas nos caixas, sem contar do péssimo serviço de atendimento de determinados funcionários, principalmente no setor de eletrodomésticos. Resultado: as compras acabaram ficando no carinho e a venda do eletrodoméstico em questão cancelada.

  Vale ressaltar aqui o bom atendimento das Lojas Colombo e dos supermercados Zaffari, um exemplo a serem seguidos. Atendentes educados, atenciosos e prestativos. E, principalmente, bem treinados e preparados para atender e corresponder à expectativa de seus clientes. Ainda bem que nem tudo está perdido!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Todas as mulheres do mundo


  O amor que sinto pelas mulheres não cabe em meu coração por mais que eu tente guardar e levar comigo cada pedaçinho de minhas amigas e colegas. Meu primeiro amor, sem sombra de dúvida, foi e continua sendo minha mãe. Só tenho elogios para falar desta baixinha guerreira. Te amo e sempre vou te amar mãe!

  Seguidamente, Nossa Senhora, a mãe de todas nós. Talvez ela devesse vir em primeiro lugar, mas, a conheci graças à educação transmitida por Helena, afinal foi pela sapiência da mãezinha da terra que conheci a do Céu e seu infinito amor. A benção minhas mães, todas as mães.

  Dando continuidade, minha irmã, uma mulher batalhadora, que, arregaçou as mangas e foi à luta depois do 30 anos me surpreendendo e mostrando ser mais forte do que imagina. Em quarto, minha princesa, minha afilhada, minha amada e única sobrinha que sou doente e morro de amores por ela. Além de linda e inteligente. Ah! E “patricínha”,a final, ninguém é perfeito.

  E, as listas de amores, não param por aí. Tem Carla, Rossana, Mara, Vanessa (Lora), Gislaine, Andréa (Dede), Maria, Cleide (minha flor), Liandri (Piche), Cristina (Cris), Camila (Mila), Pietra, Cibele (Susy), Simone (Milk), Marilise e Márcia (minha compacta). Impossível escrever o nome de todas ou tentar dar uma continuidade a minha lista daqui para frente. Mas, de uma coisa todas podem ter certeza: moram confortavelmente no meu coração.

  E, o que faríamos sem estas adoráveis criaturas abençoadas por Deus, responsáveis por grande parte do amor do mundo. Descrevê-las seria praticamente impossível, pois são sábias, lindas, cada uma do seu jeito, sua raça, sua cor e seu credo. Já foram exaltadas em prosa e verso, por diversos poetas, cantores e até por este humilde ser que vos escreve.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ta faltando um abraço


  Que os dias estão cada vez mais corridos, todos sabemos disso. Assim como todos sabemos que cada vez mais estamos dependentes do computador. Hoje, já não se faz mais nada sem eles. Nem cozinhar.

  Estes dias, ao chegar em casa mais cedo do trabalho, encontro minha faxineira sentada em frente ao computador. Perguntei o que ela estava fazendo. Ela, com toda calma respondeu: “procurando a receita de um bolo saboroso para fazer, respondendo e-mails e scraps do orkut.”. Achei a espontaneidade, a simplicidade e a transparência dela fenomenal. Já o bolo ficou saboroso, sem contar que ela tornou-se minha amiga do Orkut. E, quando preciso comprar algum material de limpeza, ela me manda um e-mail com a lista de produtos a serem adquiridos.

  No trabalho, semana passada, uma colega chegou muito triste, abatida, cabisbaixa. Disse que tinha levado um fora. Até aí, tudo bem, todos já levamos um fora. Mas, o fora dela não foi um fora qualquer, um fora comum, mas sim um fora pela internet. Ela contou que há dois meses namorava virtualmente com uma mulher. Mulher?! Sim, namorava uma mulher. Foi uma surpresa, afinal, ela é casada, com filhos, cachorros e gato.

  Ela me contou que se conheceram em uma sala de bate papo, mas, que nunca chegaram a se encontrar pessoalmente. Disse que a mulher era sua alma gêmea. Entendia seus problemas como ninguém. Trocaram juras, inclusive, de morarem juntas com os dois filhos, os três cachorros e o único gato. O motivo do fora? A mulher, uma jovem dentista, conheceu uma moça mais jovem, solteira, sem filhos. Confesso que fiquei e estou boquiaberto até agora com esta estória, embora tenha dado uma de cupido e apresentado uma jovem senhora para minha amiga. Mas, ela não gostou, disse que não queria nada real. Vai entender.

  Percebo que ta faltando um abraço, um simples contato físico entre as pessoas. Hoje tudo é virtual. As crianças já não tem mais amigos imaginários e sim amigos virtuais. O mesmo acontece com o namoro. Fulano de Porto Alegre namora com beltrana que reside em Sidney, Austrália. Eu mesmo, conheço o mundo todo, mas virtualmente. Sou fã número um do site do Louvre. Até minhas compras são virtuais, de roupas, eletrodomésticos, cds e dvds. Só espero daqui alguns dias não estar namorando ou fazendo sexo virtualmente. Vai saber?

domingo, 3 de janeiro de 2010

Domingo, chat e televisão

  Domingo, nada pra fazer. Entro em um chat de bate-papo, na sala Cidades, Caxias do Sul. Meu nick: 40tão. Depois de muitos “oi, tudo bem?”, constato que não existe vida inteligente, com mais de dois neurônios por lá. Bem, dois é muito, um exagero meu. Digamos,  ½ neurônios.

 Não vale rir, mas meu maior diálogo foi: “Prazer, meu nome é Jean, tenho 40 anos, 1.77 metros, 92 quilos, sou solteiro, trabalho no comércio, vestuário...”. E, acredite se quiser, mas a conversa não passou disso. Minto: uma moça, a Pink Gardênia, perguntou se tinha carro e o tamanho do meu pênis. Pode? Bem, o que esperar de alguém com um nick como este. Resultado: mais de duas horas desperdiçadas. Ah! Tenho carro sim. E o tamanho do pênis, bem, deixamos assim.

  Decepcionado com o chat resolvo ligar a televisão. Dou uma rápida “zapeada” e descubro que já vi todos os filmes em cartaz, isso que tenho TV paga. Dou uma espiada no Domingo do Faustão, ou será do “Pentelhão”? Juro que não entendo como um programa tão ruim consegue ficar tanto tempo no ar e com audiência. Isso me lembra que preciso rever meus conceitos televisivos.

 Troco o canal para a Record, Gugu Liberato. Nãoooo! Tudo menos Gugu com seu eterno pintinho amarelinho. Arghs! Acabo apelando para o bom e velho Sílvio Santos enquanto aguardo o Domingo Espetacular e o Fantástico. De vez em quando dou outra “zapeada” a procura de um filme.

  Observo que pela trigésima vez, mas primeira este ano, vai passar King Kong. Nem tudo está perdido na tv por assinatura, embora, ainda aprecie a primeira versão do macacão, ainda em preto e branco, esquecida pelos canais pagos e desconhecida da maioria, mas nem por isso menos genial.

  Avaliando a programação, descubro que ela não é tão ruim assim, afinal, por anos e anos seguidos, foi o que assisti, mas, com uma diferença, não estava sozinho. Estava do lado do meu amorzão. Acompanhado, tudo fica melhor. Até o ruim fica bom. Temos com dividir nossa insatisfação através de comentários maldosos ou não.

  Sorte que amanhã e segunda-feira, primeira segunda-feira do ano. Deposito minhas expectativas na minissérie: Dalva e Herivelto, uma canção de amor. Com certeza, um grande sucesso como a de Maysa, Quando fala o coração.

2010: solteiro outra vez


  Ano novo, vida nova. Milhões de expectativas acumuladas e planejadas. Mas, infelizmente, uma coisa não fazia parte da minha lista de resoluções para 2010: estar solteiro!

  Sim, entrei o ano - segundo dia, solteiro. Pode? De quebra, uma crise de labirintite - não pense mal, veio antes da separação –, e uma alergia ao sol. Bastou ficar algumas horas ao sol e surgiram bolhas por todo o peito. Mas, estou medicado: Vertix e antialérgico, respectivamente. Já o coração, não há remédio que cure.

  O engraçado é que num relacionamento a gente pensa que é pra sempre e esquece que o pra sempre, sempre acaba. O meu durou exatamente o que dia que durar: cinco anos e 15 dias. E, tudo somado, ouso a dizer que fui feliz. Tivemos altos e baixos como todo relacionamento, mas, faz parte do amadurecimento, do nosso eterno aprendizado.

  O que me assusta é saber que terei que começar de novo. O novo me assusta, afinal, as pessoas não vem com manuais de instrução, ou bula com suas indicações e contra-indicações, posologias, armazenamento, nem prazo de validade.

  Comparando com um eletrodoméstico, você não pode pegar o controle remeto e sair apertando os botões para ver no que vai dar. Justo eu que adoro apertar todos os botões de uma vez. Já medicamentos, sou meio hipocondríaco. Adoro um remedinho e odeio sentir dor. Overdose, me aguarde!

  Não me recordo como foi na separação anterior, mas estou muito tranqüilo, estou surpreso comigo. Simplesmente discutimos, peguei minhas coisas e retornei para casa. Não derramei uma lágrima, não assaltei a geladeira, não corri na estrada de Porto Alegre à Caxias do Sul, mas também não quis sair de casa e atender ao telefone. Estou sem vontade de ninguém. Nesta horas difíceis, eu me basto, me fecho, reservo. E eu que pensei que iria chorar rios de lágrimas.

  Embora, vale a pensa salientar, a recém é o segundo dia da separação. Daqui para frente que as coisas começam a apertar. Tudo será motivo de lembranças: uma música, um filme, até mesmo o sorvete escondido no freezer para não ganhar mais peso. Mas, se sobreviver os primeiros quinze dias, vida longa terei em 2010. Bem, espero!

  E, para me sentir bem, resolvi não lembrar, tentar é claro! Procuro escutar músicas que saiba que não gostava, fazer programas que eu sabia que iriam desagradar e que deixei de fazer e, é claro, rever os bons e velhos amigos esquecidos. Afinal, eles estão sempre de braços a nos receber.

  Pô 2010, pega leve, afinal, fui bom guri em 2010.