quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O outro


Às vezes a vida nos reserva algumas surpresas. Ontem mesmo, dirigindo sem rumo pelas ruas e avenidas de Caxias do Sul, o sinal fecha e paro o carro. Até aí, tudo bem, normal isso, embora grande parte dos caxienses pisem mais fundo no acelerador para não parar no sinal. Os pedestres que se ferrem.

 Carro parado e, sem nada a fazer, dou uma espiada no motorista do lado. Para minha surpresa, uma linda morena me olhava. Percebendo que eu olhava para ela, abriu um lindo e largo sorriso. Aliás, um dos sorrisos mais lindos e brilhantes que já vi em minha existência.

 Uma mexida básica nos cabelos pretos, carinha de sapeca, ela faz sinal para eu parar logo mais na frente. Não pude resistir ao pedido, e atendi ao seu pedido.

 Ela era, é linda! Mulher pequena, de corpo perfeito. No ombro, uma tatuagem a mostra. Descemos do carro e conversamos por uns 15 minutos. Ela contou rapidamente da vida, dos filhos, do casamento em crise e dos seus sonhos.

 Confesso que a idéia de ser casada me assustou um pouco. Por instantes tive vontade de inventar uma desculpa e continuar meu trajeto com destino ao nada. Mas, a conversa estava tão aconchegante, tão boa, que resolvi ficar, me estender mais um pouco.

 Na empolgação, trocamos telefone, msn e marcamos um encontro para esta sexta-feira, às 9h da manhã. Definimos até o motel. Mas hoje, pensando comigo mesmo, será que isso seria justo, afinal ela é casada? Sou contra traição, mas deixar passar em branco um mulherão destes, ninguém merece! Não é algo que apareça sempre, ainda mais quando estamos na seca. Risos.

 Hoje mesmo lembrei o que uma amiga me disse ainda ontem no facebook: que sou muito certinho. O pior que ela tem razão! Sou certinho sim!

 O Jean rebelde, o ovelha negra da família, ficou no passado. Às vezes penso em resgatá-lo, afinal, que mal tem em ser o “outro” na vida dela.

 To me sentindo o personagem da música “A outra”, de Ricardo Galeno, interpretada por Maria Bethânia: “... trago um coração ferido, mas tenho muita mais classe, de quem não soube prender sua esposa...”. Dramático né! Risos. O pior que sou assim, exagerado. Como já dizia o saudoso Cazuza: “Adoro um amor inventado”.

 Bem, mas, tenho até amanhã de manhã para pensar. Será que me deixo levar por meus impulsos sexuais, meu, nosso prazer, ou reflito que atrás disso tem uma família, marido, filhos? Que dilema! Meu dilema! 


domingo, 18 de setembro de 2011

Volta ao passado



 Semana passada passei a semana na estrada. Eu e um grupo de três pessoas fomos viajar visitar nossos clientes e buscar novos. Saímos de Farroupilha segunda de madrugada com destino, inicialmente a Marau. Lá chegando fomos direito a um cliente, que nos recebeu de braços abertos. Dando continuidade à viagem, fomos à Passo Fundo. Lá chegando, a primeira coisa que fizemos foi almoçar no shopping.

 Logo em seguida, fomos visitar novos clientes. Dividimos o percurso em dois grupos e lá fomos nós. Eu que me criei em Passo Fundo fiquei impressionado do tamanho da cidade, como cresceu, o movimento de suas ruas.

 Neste curto período, meu o passado voltou em minha mente. Lembrei da minha vó, meus tios que infelizmente já partiram. Nem a velha casa do Daer, que meus tios moravam, sobreviveu ao pregresso. Foi tão bom voltar e regressar as origens.

 Em determinados momentos, me vi ainda pequeno, caminhando por aquelas ruas com minha vó, minha prima, meus tios. Eu amava a cidade. Descobri que ainda amo.

 Se tivesse que escolher uma cidade hoje para morar além de Caxias do Sul, Passo Fundo seria uma delas, com certeza. Lá fui muito feliz apesar dos imprevistos que a vida nos reserva. Só lamentei não ter tido tempo de visitar minha tia Teresa, mas, prometi para eu mesmo voltar para dar um abraço e um beijo nela. Que saudades!Vale lembrar que minha mãe e natural de Passo Fundo e a família do meu pai era de lá, embora ele tenha nascido em Palmeira das Missões e minha irmã em Carazinho, ou seja, me criei nesta região.

 E, dando continuidade a viagem, fomos a Carazinho, Sarandi e Frederico Westhephalen, onde pernoitamos nesta última. Uma cidade pequena, acolhedora. Já as duas primeiras, achei que pararam no tempo. Ao menos o centro da cidade. Eles permaneceram quase iguais de como eu lembrava.

 E a viagem não podia parar, no trajeto, ainda: Carazinho, Palmeira das Missões, Palmito, Itaporã, Palmitos, São Miguel do Oeste, Maravilha, São José do Cedro, Francisco Beltrão, Pato Branco, Xanxerê, Chapecó e Concórdia. Ao todo, uma semana de viagem e centenas de clientes visitados. Confesso que deu para cansar, mas, foi gratificante saber que a empresa onde trabalhamos e reconhecida, além do reconhecimento do novo serviço.

 Agora, uma semana de folga e depois mais uma semana de estrada. Ainda estou na dúvida se irei eu ou minha colega. Preferia ir eu, mas, a decisão compete ao meu administrador.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Feriados e finais de semana


Sempre gostei de finais de semana, feriados, mas, de uns tempos para cá, confesso que não gosto mais, pelo menos, acredito nisso hoje. Claro que tudo tem sua lógica, explico: antes eu estava casado. Contava os dias, as horas para descer à Porto Alegre. Afinal, foram mais de sete anos descendo quase todos os finais de semana e feriados. Eu já me sentia sócio do Expresso Caxiense.

 Com o término da relação, passei a ficar em casa lendo, vendo dvds, escutando música, curtindo a família e amigos. No início, gostava, afinal, quase nunca tinha tempo para eu mesmo. Hoje vejo que sinto falta daquele corre-corre para pegar o ônibus, descer à Porto Alegre, do brique, chimarrão, cinema, shows, teatros... Caxias ainda está muito atrasada neste sentido. Culturalmente a vida deixa muito a desejar.

 No cinema, por exemplo, só passam filmes americanos. Raramente um filme estrangeiro entra em cartaz. Sem contar que hoje só temos o GNC Cinemas que, cá entre nós, deixa a desejar, seja nos filmes e no atendimento. Para selecionar funcionários acredito que eles façam um teste para escolher e contratar os piores.

 O teatro ainda se destaca. Temos excelentes grupos locais e regionais. Sempre vale a pena prestigiar e assistir. Shows, raramente temos por aqui. Quando vem, só sertanejo. Feliz de quem gosta, o que não é o meu caso, mas, respeito.

 Meus amigos, hoje, a maioria estão casado, com filhos. Me sinto deslocado, afinal, todos tem sua vida. Aqui é uma terra que se trabalha muito. O lazer fica para segundo plano, mas, felizmente, as coisas começam a mudar graças a esta nova geração.

 Tenho até tentando conhecer alguém interessante, mas, confesso que não está fácil. Hoje as pessoas não querem compromissos, apenas uma noite de prazer e nada mais. Ou, quando você encontra alguém, pensa que vai rolar algo mais, descobre que a pessoa é complicada demais, ou, talvez, eu seja complicado demais. Eis uma boa pergunta. Pior quando você descobre que ela é casada ou já é comprometida.

 Conheci pessoas legais nos últimos meses, mas, infelizmente, nada teve continuação. Quando chegamos a uma certa idade, somos muito exigentes, não temos mais aquela paciência para determinadas coisas, mudanças. Queremos que as pessoas nos aceitem como somos, o que é um erro. A vida é um constante aprendizado, temos que nos adequar para sobreviver. Aprendi isso na marra, infelizmente!

 Mas, não posso me queixar muito não. Viver é bom demais! Tudo na vida tem seu tempo, seu preço. Quando menos esperar, encontrarei uma pessoa legal, um sapato velho para um pé casando, mas, com muita disposição de aprender e amar.

 E, enquanto isso não acontece, vou levando minha vidinha, entre amigos, trabalho, cds, dvds, família...Reclamo de boca cheia, afinal, tudo isso é muito bom! Mas, infelizmente, somos eternos insatisfeitos, estamos sempre reclamando. Ainda bem, pois o dia que nos contentarmos com tudo, já cumprimos nossa passagem por aqui.