quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Às vezes dá vergonha de ser brasileiro

Hoje eu acordei com vergonha! Sim, tenho vergonha de abrir as páginas do meu jornal favorito e ler tantas matérias sobre corrupção e roubo. Vergonha de confiar em alguns de nossos políticos que estão ou estiveram no poder durante anos.

Vergonha de acreditar que eles, através do meu voto, do nosso voto, iriam mudar o Brasil, diminuir as desigualdades sociais e melhorar a vida do nosso povo tão sofrido e sacrificado com tantos impostos.

Sim, tenho vergonha de ver propagandas enganosas na televisão mostrando uma mentira atrás da outras, maquiando a verdade, tentando vender uma mentira, e saber que a maioria do povo acredita veementemente em tudo que ali é mostrado.

Sim, tenho vergonha de ver que professores, médicos, policiais, bombeiros e mesmo o próprio trabalhador ser tão mal remunerado. Vergonha da falta de estrutura de nossos hospitais, nossas escolas, nossas estradas e até mesmo de nossas cidades.

Vergonha de ver brasileiros em imensas filas para encaminhar o seguro desemprego e com pouca esperança de conseguir um bom trabalho. Vergonha de ver as pessoas aguardando dias, horas e meses para serem atendidas em Posto de Saúde e Hospitais.


Pior, tenho vergonha de escrever este texto e compartilhar vocês resumindo minha indignação.  Às vezes dá vergonha de ser brasileiro. - JK



domingo, 22 de fevereiro de 2015

Tempo, coração e fast-food

 O mundo anda corrido, agitado demais. Somos dependentes do relógio para tudo. Temos hora para acordar, tomar café, almoçar, lanchar, sair do trabalho, levar e buscar os filhos na escola, jantar, dormir e até hora para o sexo.

 Nosso lazer também tem hora marcada. Temos hora para ir ao cinema, teatro, viajar e hora para visitar amigos e, até mesmo para saborear aquele cafezinho com eles. Quando vamos ao dentista ou ao médico, a coisa não é diferente , hora marcada.

 Nossas vontades, conquistas e quereres também também tem hora para acontecer: ontem! Somos imediatistas, não sabemos esperar a hora certa. Já diz o ditado que esperar é para os acomodados, que devemos correr atrás dos nossos sonhos, amores e fazer acontecer. Concordo parcialmente, pois tudo na vida tem um tempo de maturação, principalmente, os amores.

 No desespero de não ficarmos sozinhos, beijamos e ficamos com qualquer um que nos dê  atenção, um carinho, uma palavra afável, um sorriso perfeito. Basta ter uma embalagem bonita e dez minutos de conversa, seguida de alguns drinques e já estamos na cama, soltos e devassos na busca do prazer. Não que isso seja ruim - pelo contrário, sexo é ótimo -, mas tudo acontece rápido demais.

 Não existe mais o prazer da conquista, o ritual da sedução. Os bons costumes foram esquecidos em algum lugar, atropelados pela pressa do cotidiano. Flores, cinema, jantar ou mesmo abrir a porta do carro, escrever um bilhete dizendo eu te amo num pedaço de papel tornam-se foram de moda, ridículos e, até ousaria dizer diria, cafona.

 Hoje se diz eu te amo com muita facilidade. A mesma facilidade e rapidez que você vai a um fast-food e pede algo para comer. Aliás, estamos na era dos amores fast-food, dos amores esfomeados. Começam tão rápidos quanto terminam. No primeiro dia estamos jurando amor eterno, planejando morar junto, ter filhos e, na semana seguinte, amaldiçoando, querendo mais é que ele exploda. Só que esquecemos que nosso coração é quem sofre, morre afogado em nossas próprias lágrimas.

 Antigamente, apresentava-se a família somente quando o namoro estava sério. Hoje os pais mal tem tempo de aprender o nome de um e a fila já andou, é outro nome! Assim é nas redes sociais. Na primeira semana o status é: em um relacionamento sério, na outra, sentindo-se decepcionada.

 Agimos por afobamento, desprovidos de emoção onde as razões do coração são esquecidas, perdidas no tempo não administrado corretamente. Omitimos que o amor é único, que o verdadeiro amor não é sexo, nem paixão, nem amizade, compaixão ou desejo. Amor não é brinquedo, nem objeto de tortura, muito menos perecível com prazo de validade para se usar e descartar.  E, não adianta negar:  todos nós queremos um amor e um tempo para nós mesmos.