sexta-feira, 18 de abril de 2014

Dona Prata

 Era noite! Relógio marcava pouco mais de 20h. Tudo em silêncio, daqueles medonhos que dá para escutar até o pensamento do seu colega do lado.

  Em frente do computador, eu e duas colegas trabalhávamos, quando, de repente, um vulto de mulher apareceu na porta. Ela devia ter seus quarenta e poucos anos e estava toda de preto. Era bonita! Em seu semblante trazia um aspecto de paz, ternura. Não sorriu, não acenou, apenas me olhou fixamente e desapareceu misteriosamente.

 O susto foi imediato, pelos do braço ergueram-se. Comentei a visão com as colegas, contamos causos de visões e demos continuidade ao trabalho. Mas, aquele silêncio, seguido de um leve medo, ficou.
 No dia seguinte, comentando o mesmo caso com o segurança do prédio, descubro que eu não fui o único que viu esta visão, várias pessoas já a viram. Ele relatou que todas as noites, o elevador, do nada, sem ninguém, começa a funcionar e para sempre no quarto andar, andar em que eu trabalho. Pelinhos do braço mais uma vez se arrepiaram.

 Relatando este assunto com colegas, durante a semana, várias relataram ter tido a mesma visão. Pesquisei na internet, mas nada encontrei.

 Os mais antigos que trabalham no prédio relataram tratar-se de uma lenda urbana. Segundo eles, é uma antiga moradora do prédio, uma das primeiras moradoras, uma das proprietárias. Acredito ser uma alma boa, que de vez em quando vem matar a saudade de passado, rever sua propriedade, zelar, ou mesmo, fazer uma leve travessura.


 Tomamos a liberdade e demos um nome para ela: Dona Prata. Embora algumas gurias tenham medo, ela nunca fez mal a ninguém, embora notas fiscais desapareçam misteriosamente e apareçam horas depois sem ninguém poder explicar. Com certeza, Dona Prata tem um ótimo senso de humor e adora tirar sarro conosco.