Era noite! Relógio marcava pouco mais de 20h.
Tudo em silêncio, daqueles medonhos que dá para escutar até o pensamento do seu
colega do lado.
Em
frente do computador, eu e duas colegas trabalhávamos, quando, de repente, um
vulto de mulher apareceu na porta. Ela devia ter seus quarenta e poucos anos e
estava toda de preto. Era bonita! Em seu semblante trazia um aspecto de paz,
ternura. Não sorriu, não acenou, apenas me olhou fixamente e desapareceu
misteriosamente.
O susto foi imediato, pelos do braço
ergueram-se. Comentei a visão com as colegas, contamos causos de visões e demos
continuidade ao trabalho. Mas, aquele silêncio, seguido de um leve medo, ficou.
No dia seguinte, comentando o mesmo caso com o
segurança do prédio, descubro que eu não fui o único que viu esta visão, várias
pessoas já a viram. Ele relatou que todas as noites, o elevador, do nada, sem
ninguém, começa a funcionar e para sempre no quarto andar, andar em que eu
trabalho. Pelinhos do braço mais uma vez se arrepiaram.
Relatando este assunto com colegas, durante a semana,
várias relataram ter tido a mesma visão. Pesquisei na internet, mas nada
encontrei.
Os mais antigos que trabalham no prédio relataram
tratar-se de uma lenda urbana. Segundo eles, é uma antiga moradora do prédio,
uma das primeiras moradoras, uma das proprietárias. Acredito ser uma alma boa,
que de vez em quando vem matar a saudade de passado, rever sua propriedade,
zelar, ou mesmo, fazer uma leve travessura.
Tomamos a liberdade e demos um nome para ela:
Dona Prata. Embora algumas gurias tenham medo, ela nunca fez mal a ninguém,
embora notas fiscais desapareçam misteriosamente e apareçam horas depois sem
ninguém poder explicar. Com certeza, Dona Prata tem um ótimo senso de humor e
adora tirar sarro conosco.