segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Um conto diferente de amor

 Neste carnaval, andando sem rumo pelas ruas de Porto Alegre, com medo das pessoas que possam a ter medo de mim – sim, to queimando óleo -, eis que nas esquinas das ruas Monsenhor Veras e Santana, percebo que estou sendo seguido. Ruas desertas, assustado, acelero o passo em direção ao centro. De vez em quando, disfarçadamente, espio para trás, e percebo que continuo sendo seguido.

 Para disfarçar, entro em uma padaria e compro um picolé de abacaxi. Me enrolo um pouco na panificadora e, como não vi ninguém por perto, continuo meu passeio ao Centro tranquilamente. Já nas ruas Santana com Princesa Isabel, descubro que estou sendo seguido de novo. Um suor escorre pela minha testa e o calor toma conta do meu corpo. Pudera, os termômetros registram 34 graus, é meio-dia, um calor insuportável e nenhum ventinho. Folhas das arvores todas estaquiadas, paradas.

 Acelero o passo e, desta vez, entro em uma fruteira. Minha garganta esta seca continuo suando frio. Por um momento, meu pensamento vagueia e lembro de um comercial antigo de refrigerantes de limão. Segurei meu impulso para não pedir uma porção de amendoins torradinhos bem salgados. Pedi água com gás. Tomo tudo em quatro goles. Para minha infelicidade, a água esta quente com pouco gás. Arghs!

 Espio e percebo que estou sozinho novamente. Dou continuidade ao meu passeio sem ninguém me perseguindo. Na Borges de Medeiros, entro em todos os sebos, os quatros, a procura de cds antigos e velhos livros de biografias. Sinto que estou sendo observado de novo. Não compro nada. Não achei, para minha sorte, pois estou com dinheiro contado até dia cinco quando recebo.

 Na Borges com a Rua da Praia, o inevitável aconteceu. O desconhecido me alcançou. Segurou minha mão forte, impedindo que eu fugisse. Deu um sorriso amigo, embora amarelo.
 O estranho nada falou, apenas fitava-me nos olhos. Era constrangedor, mas, ao mesmo excitante. Um calor indescritível tomou conta de mim. Quando percebo, estava excitado. Tentei disfarçar, colocando as mãos dentro de um dos bolsos e baixando os olhos para meu sapato. Mas, a situação ficou pior, constrangedora.

 Meu corpo ardia, implorava para fazer amor. Queria aquelas mãos em todo no meu corpo pulsante. Era como se a gente se conhecesse há muito tempo, difícil explicar, mas, formidável de sentir. Meus poros pareciam que iam explodir de tanto prazer e êxtase que sentia.

 Foi então que, fitando mais atento dentro de seus olhos, de uma cor que não sei explicar, apenas que eram, são lindos, me entrego aquele sentimento louco que aflora em todo meu ser. Me sinto mais homem, másculo, criança, charmoso, viril,... Então, percebo que estou apaixonado de novo, desta vez, pela vida, pelo desconhecido, pelo conhecido que me assombra e apavora, mas, que fascina, enebria, entontece, queima e arde. O estranho nada mais era que o amor que aflora em meu peito.

Um comentário:

  1. Jean que linda postagem,vou te confessar que logo no inicio pensei que vc tivesse se apaixonado por alguma gaúcha linda (padrão de beleza para mim,na verdade gaúchos e mineiros),rs.

    Depois pensei que estivesse lendo um conto erótico,kkk.Daquele bem românticos,diferentes dos que eu escrevo,rs.

    Mas no fim é o amor,muito lindo.

    Tava com saudades de vir escrever e ler aqui.

    Um super beijoooo.

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