terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dormindo na 24 de maio

Não sou vagabundo, não sou andarilho, mas, confesso que já dormi na praça. E o pior, não foi uma ou dias vezes, foram mais. Que eu recorde foram quatro.

Jovem, sabe como é, tomava todas e não conseguia chegar em casa a pé. Dinheiro para táxi, não tinha, pois havia gasto tudo em trago. Vale lembrar que na época, não tinha carro. Ele veio surgir anos depois.

Meu bar e danceteria favorita, nos saudosos anos 80, era o Porto de Elis, localizado no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Lá me sentia em casa, conhecia todos, até fiado eu tinha, a final todo final de semana eu batia ponto. Adorava o som, a decoração e, é lógico, as bebidinhas preparados pela casa, sem contar os donos que eram amigos do peito. Porto de Elis ficava longe de minha casa, ia de lotação e voltava a pé.

Uma vez, na volta, não consegui chegar em casa e dormi na frente do antigo Cinema Avenida, meia quadra de minha casa, bairro Cidade Baixa. Morava na Venâncio Aires, entre a Lima e Silva e a João Pessoa. Estava tão bêbado que não consegui saber direito onde eu estava. Só recordo que acordei de manhã com o sol batendo em minha cara e com algumas moedinhas no chão. Algumas pessoas de bom coração, vendo meu estado deplorável, deixaram umas moedinhas para eu comer algo quando acordasse. O valor, por incrível que pareça deu para comprar um Velho Barreiro para tomar com chimarrão no Brique da Redenção a tarde.

Os bancos da Redenção também serviram de cama por duas vezes. Numa das noites, me confundiram com um garoto de programa. O pior que não aceitei, mas era uma boa graninha. Risos. Podia ter ganhado uns troco fácil, já que via contando dinheiro. Vida de estudante sabe como é, dinheiro sempre contado. Vale lembrar que a Redenção, à noite, era ponto de prostituição masculina da capital gaúcha.

Na outra noite, ninguém me cantou ou deixou moedinhas. Recordo que fiquei muito magoado, me sentindo rejeitado. Não foi fácil acordar no parque sem ninguém ao meu lado, nem ganhei uns trocos. Risos. Me lembro que a rejeição foi discutida durante minha análise.

A última pernoitada na rua foi na entrada do prédio que morava na 24 de maio. Na verdade, morava em uma escadaria que ligava a Duque de Castilhos a Otávio Rocha. Até chegar ao meu apartamento era necessário subir uns 120 degraus. Não consegui subir nem na metade. Foi meu vizinho, o Zé, que me acordou e me levou para casa. No dia seguinte, que vergonha! Afinal, era uma rua familiar, só de pessoas de mais idade e estudantes. Fui o assunto por várias semanas.

Depois disso, comprei um Chevette vermelho. Parei de dormir na rua. Passei a dormir no Chevette. Risos. O pior era o voltar para casa. Nunca sabia o trajeto ou esquecia que existiam sinaleiras. Depois do carro, meu anjo passou a ter trabalho redobrado, pois não parava em nenhuma, nem lembrava que existiam. Help!

2 comentários:

  1. Aff,posso ser sincera?Vc era literalmente um capiroto,Jesussssssssss.

    Coitado do seu anjo,e o que é pior,coitada de Dona Helena.

    Teu passado te condena,kkk.

    Mas é a vida,quem não tem estória não vive,eu tbm já dormi na praça,uma única vez,e culpa de minha irmã,rs.

    Chevette vermelho,caraca,rs.

    Mas deveria fazer um baita sucesso, lindão e motorizado,já pensou?Rs.

    Beijão querido,eu me divirto com vc.

    ResponderExcluir
  2. OI MEU QUERIDO!
    JEAN, TUAS HISTÓRIAS SÃO RIQUÍSSIMAS, ENGRAÇADAS, SE NÃO TRAGICÔMICAS, NÃO!
    E REVENDO TUDO O QUE PASSASTES, EIS QUE...
    TIVESTES MAIS SORTE DO QUE JUÍZO! (RISOS)
    MENINO...
    CUIDE-SE SEMPRE, MEU QUERIDO!
    ADORO-TE... SÓ ISTO!!!
    BEIJOS MEUS, PESSOA LINDA!

    ResponderExcluir