quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Papo sério de gordinho


Recordo que até os 30 anos eu vivia anêmico, tomava remédios para engordar e nada. Hoje, aos 51 anos, minha vida mudou e, muito! Vivo de dieta, mas tudo o que consigo é uma forma, ainda, mais redonda. Tudo bem que falta força de vontade, pois emagrecer comendo é impossível, sempre digo e repito isso para eu mesmo.
Com a proximidade do verão, todos os dias durmo e acordo com mil e um planos na cabeça, afirmando que desta vez tudo vai ser diferente, que vou mudar o meu jeito de lidar com a comida e, principalmente, com o espelho. Só que durante o dia, passo em frente a uma confeitaria e penso: só um docinho, amanhã recomeço a dieta. Só que esta despedida se repete diariamente e nunca acontece, é sempre postergada.
Depois de devorar um pacote, inteiro, de bolachas recheadas com dois litros de Coca-Cola, fico de cara com a minha falta de persistência e vontade de emagrecer. Tudo bem que eu me goste mesmo gordinho, mas é por uma questão de saúde e, de também tentar conquistar alguém, pois gordinhos não estão em alta no mercado. Pelo contrário, temos provocar que somos os melhores em tudo, seja na inteligência ou na cama.
Comer igual a um passarinho, não combina comigo. Não consigo achar graça em prato cheio de saladas verdes ou coloridas. Sim, é lindo de olhar e só! Não tem gosto nenhum, nem sabor. Sem contar que passo o resto do dia com meu estômago conversando comigo, pedindo algo mais consistente que as saladas, o peitinho de frango, os ovos cozidos e as porções de batatas doces. Salivo só de pensar em uma macarronada com frango e um pudim de sobremesa.
E, para não entrar em conflito com minha saliente barriga, resolvo comer uma fruta, mas o cérebro parece desconhecer que aquilo é um alimento. Daí, chego em casa e preparo uma sopinha light para calar a boca da minha barriga. Mas, sem sucesso, agora ela grita comigo e vou deitar, dormir para não pensar em comer.
No dia seguinte, acordo com vertigem, fraco e de péssimo humor por causa da fome. Tomo aquele café miserável: uma xícara de café com quatros biscoitos integrais e vou para o trabalho. Nem chego no trabalho e meu estômago começa a reclamar outra vez. No almoço, aumento a dose “extra de pasto”, junto com um peixinho transparente e sem gosto. De quebra, aquela gelatina insossa de sobremesa. E, não me venham oferecer barrinhas de cereais, pois para mim, parece alpiste com micro partículas de frutas ou com iogurte, coisinha sem graça este leite azedo com sabor. Arghs!
O que acho estranho é que quase todo gordo é engraçado, com todo respeito, é claro!. Bem, eu sou engraçado e adoro tirar sarro de eu mesmo por causa disso. Ao contrário de muitos, não importo que me chamem de gordo, eu mesmo me chamo e dou altas gargalhadas quando alguém me chama de “fortinho” , pois gordo não é sinônimo de super homem e excesso de peso não é igual a excesso de força.
Eu mesmo, pelado, pareço uma fábrica de pneus. Tenho pneus que nem eu mesmo sabia que podiam existir. E, além de engraçado, sou o cara mais desastrado do mundo. Ah! E o Ministério da Saúde adverte: ter um amigo gordo é bom demais! Pois, volto a frisar, estamos sempre de bom humor, somos simpáticos, confiáveis e temos um excelente bom-humor. Se você duvida, faça uma lista de quantos gordos de cara amarrada você conhece. E o melhor de tudo, estamos sempre dispostos a tomar uma cerveja ou comer qualquer besteira na rua. Não tem cerimônia conosco!
A verdade é que nós, gordos, somos calorias "colesteróticas"ambulantes. Podemos derrubar um avião se não houver peso suficiente do lado oposto para equilibrar o peso e damos altas risadas da nossa desgraça. Curamos nossas tristezas com pizza e sorvete. Nossa droga é a serotonina, presente no chocolate.
E, não esqueça, apesar de estarmos fora dos padrões da moda, não somos feios, pelo contrário, umas curvinhas a mais tem um certo valor, um certo charme. E, lembre-se: para gordura, perde-se peso. Já para feiura ou burrice, ainda estão estudando o caso. - JK

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