quarta-feira, 26 de maio de 2010

O aprendizado

  Quando jovem, fui muito inconseqüente. Fazia tudo que me dava na cabeça e não media as conseqüências. Certa vez exagerei tanto que quase parti desta. Explico: final de ano, época de muitas festas e bebedeiras. Recordo que não perdia uma.

  Numa delas, início do mês de dezembro, no Clube Juvenil, fui além das contas. Tomei mais de um litro de uísque. Até aí tudo bem! Mas, não satisfeito somente com a bebedeira, tomei dois ou mais moderadores de apetite roubados da minha mãe.

  Fiquei elétrico. Parecia aquele bonequinho da propaganda de pilhas Duracel. Não tinha o que me desligasse. Dancei a noite toda. No dia seguinte, domingo, aquela dor de cabeça e enjôos. O pior que segunda-feira ia fazer uma cirurgia na mão direita, Quando tinha 15 anos, talvez um pouco menos cortei os tendões em um acidente.

  Na segunda-feira, dia da cirurgia eis que ao fazer a anestesia local, a mesma não pegou. Acabaram fazendo geral. Só que devido minha arte de dois dias atrás, acabei tendo uma parada cardíaca. Fui ressuscitado através de aparelhos.

  Lembro que os médicos usavam o ressuscitador no meu peito e pediam para eu reagir. Não conseguia embora ouvisse tudo o que eles falavam e sentisse o que faziam. Foi num destes instantes que uma luz imensa me envolveu, como que se convidasse para entrar em um imenso túnel de luz branca com tons violeta, onde vultos apareciam no final.

  Embarquei naquele túnel, quando, bruscamente, um choque me ver voltar e acordar. Abri os olhos e vi um sorriso do meu médico ao me dizer: que susto você nos deus Jean.

  Deste momento em dia, jurei para mim mesmo nunca mais usar drogas ou qualquer medicamento sem prescrição médica, promessa essa que venho cumprindo desde então. Até para de beber, parei.

  Precisei de um susto para aprender a andar na linha. E, apesar de tudo, não me arrependo. Foi necessário este aprendizado para saber até aonde vão meus limites. Do contrário, sabe-se lá o que estaria fazendo hoje.

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