Crônica do desabafo

Minha namorada é individualista, pensa mais em si mesmo do que em nós dois. Como moramos em cidades diferentes, só nos vemos aos finais de semana. E, por incrível que pareça, ela sempre tem um compromisso aos finais de semana. É, um café, almoço ou janta com amigos ou família, alguém que precisa visitar ou uma festa para ir. Programas a dois, são exceções, sempre existem terceiros.

Não que ter amigos ou parentes por perto seja ruim, pelo contrário! Mas dá para maneirar, ir com calma, ainda mais no começo de uma relação. De cara, conheci nove amigos seus. Me senti um peixe fora d´água, afinal, o desconhecido era eu e o assunto das conversas, eu não dominava. Me senti excluído, na reserva. E o pior, o dia com os amigos foi eterno, parecia não terminar nunca.

Ruim e ter que conviver com ex-namorados, ainda mais quando nem os conhecemos e que, de cara, fazem piadinha de você. Fica aquele clima de desconforto e de um leve ciúmes. Pior é quando a piada é sobre seu peso. Afinal, ninguém gosta que os outros digam que você está acima do peso? Ainda mais um desconhecido ex-namorado!

Noutro final de semana, mais amigos que ela precisa visitar. São tantos amigos, que a lista parece interminável. Se dependesse dela, eu ia passar os finais de semana com seus amigos e não com ela. E, como se não bastassem, eles conversam pelo telefone ou whatsApp todo dia, toda hora. Às vezes me sinto com se estivesse namorando seus amigos, sua família.

Sim, sou implicante e um pouco egoísta. Exijo um tempo só para mim. Podemos sair com os seus amigos, mas um dia só, algumas horas, não o sábado e domingo todo. Precisamos de uma vida a dois também.

Em outro final de semana, na minha opinião, eu fui o anfitrião. Fiz tudo o que podia para que ela se sentisse em casa e amasse a estada em Caxias do Sul. E, acredito que consegui. Comprei lençóis e toalhas novas, levei aos lugares da moda e me dediquei exclusivamente para ela. Afinal, ela merece tudo isso é muito mais!

Já, neste final de semana, ela tinha festa em família, retrô. Embora eu tenha sido convidado, não aceitei. Ainda acho cedo conhecer família e amigos. Tudo ao seu tempo. Sou “meio” que pés no chão embora já pense em casar, morar junto.

E, confesso que gostaria, muito, que ela tivesse optado em ficar comigo, mas, isso não aconteceu. Embora tenha ficado chateado, tentei não transparecer, demostrar, mas agora, desabafo nestas linhas. É ruim ficar em casa sozinho no final de semana e o pensamento voltado nela. Pior é saber que não iremos nos ver durante a semana. A saudade aperta!

Mesmo triste, comprei presentes para ela. Adoro presentear, ver ela sorrindo, feliz. Tento não brigar mais, não deixar ela triste. Tristeza não combina com ela. O que combina com ela sou eu e nada mais! - JK