sábado, 22 de setembro de 2018

Meu coração vagabundo




No meu intransigível medo de amar, descubro que meu coração não é de pedra, mas que sou um desastre no campo do amor. Na verdade, nunca quis ficar sozinho e por isso me aventurei pelas estradas do amor e me perdi, como me perco normalmente, todos os dias. Afinal, sou desastrado por natureza e estragos são comigo mesmo!

Meu coração é vagabundo, vadio! Ele não bate, gosta de apanhar. Meus relacionamentos nem bem começam e já terminam. Às vezes acho que não quero somar, apenas continuar de mãos dadas com a solidão, afinal, eu sou a companhia perfeita para eu mesmo. Eu me basto e amo estar, exclusivamente, em minha companhia. Sim, é egoísmo da minha parte, confesso, assumo. Outras horas quero amar loucamente, quero um amor daqueles de novela, de cinema, paixões rasgadas, exageradas. Alguém que me tire deste mar de marasmo e de solidão que eu mesmo criei e idealizei.

Sim, a solidão me protege e me afasta dos amores possíveis. Faço cara feia para todas as pessoas legais que conheço e, que talvez eu possa namorar. Criei um escudo, uma barreira invisível ao amor. Hoje, me dedico exclusivamente a família, trabalho e aos amigos. E, adoro isso e ainda não encontrei alguém que faça eu mudar os meus pensamentos.

Lógico que eu sinto falta de um corpo junto ao meu, de beijos, abraços e carinhos sem ter fim. Mas, por enquanto, me contento com abraços e beijos temporários, com amores despudorados que duram uma noite apenas e nada mais. Amores de cama, aqueles que exibem seus corpos deliciosamente e não tem vergonha de sentir prazer. Aqueles que não escondem a pele, a barriga, os pelos, as marcas colecionadas ao longo do tempo, que não tem vergonha de tudo aquilo que nos torna humanos e carnais.


E, não pense que fujo do amor, dos problemas, porque sei que não existe vida sem problemas. Afinal, morrer sem cicatrizes é sinal de que a vida não foi bem aproveitada, foi em vão. Viver sem amar e sinal de que a vida não valeu!

Na verdade, não tenho medo de amar ou de ser amado, tão pouco de puxar o extrato para saber se amei mais do que fui amado, se recebi mais do que doei. Amor é amor e ponto final. Ele tem que ser infinito enquanto durar, seja por uma dia, um ano, ou uma eternidade.

Eu gosto mesmo é de amores simples, sinceros, que se entregam e não se fazem de difíceis.  Gosto de amores que nos proporcionam cálices de saliva e que não se perdem aos pudores e nojos tolos. Amores que sorriem com facilidade mesmo quando a vida esta desabando, que sabem separar a alegria da tristeza e não fazem melodrama da vida.

Gosto de amores inteligentes, com sapiência, que não se resumem somente a quatro paredes. Amores companheiros, cúmplices que sabem respeitar o seu espaço, que não sentem ciúmes e que te dão liberdade de ir e vir, mas sem nunca trair, pois é um desperdício dois quererem viver a vida de um.

Gosto de amores que alma transborda, que olham fundo nos nossos olhos compartilhando o que temos de melhor dentro de nós. Amores que não precisam de banhos de cremes, perfumes e maquiagens para se sentirem atraentes.

Na era do consumismo, gosto de amores que preferem as pessoas às mercadorias, ainda que a gente venha com alguns defeitos originais. E, no mundo de auto-ajuda, gosto de amores que se ajudam mutuamente, sem pedir, que sabem compartilhar e se doar.

Agora e esperar que venham novos amores, novas histórias de amor. Enquanto ele não vem, saudemos os que amam demais, que já encontram seu amor, que transpiram paixões e não fazem contas na hora de amar. - JK


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