Gente! Começo a desconfiar que este isolamento esta acabando
com o resto da minha sanidade mental que já não era muito boa! Já não tenho
mais anticorpos de tantos banhos que tomo..
Acordo, tomo banho, café e vou trabalhar. Chego do serviço,
todo banho. Descanso um pouco e vou na padaria buscar um lanchinho (gordinho é
triste!). Chego em casa, antes do lanche, tomo outro banho. De barriga cheio e
feliz lembro que preciso ir no mercado pra fazer a janta. Volto do super, outro
banho. De noite, vou levar o lixo (na lixeira do outro lado da rua). Na volta,
mais um banho. E, antes de dormir, um banho (aqueles meio sola, da cintura pra
baixo). Já não existe mais tolha, shampoo e sabonete que de conta. Roupas
então, a máquina de lavar não vence! Tem sempre pilhas de roupas do seu lado.
Parece a Torre Eiffel, só que roupas.
Só para ter uma ideia, o sabão em pó de 1kg, antes da
epidemia, durava mais de um mês. Agora, o pacote de 5g, não dura um mês. E o
sabonete? É um a cada dois dias. Shampoo, é 400 mil por semana. Na farmácia, de
três em três dias, compro um álcool gel. A atendente já me olha atravessada. Deve
pensar que sou alcoólatra ou faço contrabando de álcool gel.
O apartamento que eu tinha orgulho de estar sempre limpo e
cheiroso, agora anda só limpo. Não aguento mais o cheiro de água sanitária. Tá
encruado! Não sei mais o que fazer. Mas, fazer o que se eles mandam limpar tudo
com água sanitária. O meu perfume, agora é água sanitária. Dos meus poros quando
não exala água sanitária, exala álcool. Até o incenso que eu gosto de acender
todos os dias tive que mudar. Agora é “limpeza profunda”!.
E, pra ajudar, tirei a barba, bigode e outros pelos. Estou me
sentindo uma criança, velha e gorda, sem nenhum pelo. Só falta raspar a cabeça
e as sobrancelhas. E, se antes eu já enxergava pouco, imagine agora de máscara.
Meus óculos vivem embaçados todo o dia. Hoje mesmo cumprimentei dois manequins
pensando que eram colegas de trabalho.
E, aqui em tom confessional, não me lembro mais quando foi a última
vez que transei e nem faço ideia de quando vou voltar a transar. Minhas mãos já
estão calejadas. Mas, cá entre nós, precisamos nos cuidar, prevenir. Logo, logo
vamos poder nos abraçar deixando estes dias cinzas no passado, nos livros de a
história. Fiquem bem e se cuidem! Mas, não deixem de viver, sorrir!! – JK 09.04.20
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