Foram apenas duas sessões de quimioterapia, além
de vários exames, cirurgias e eu me vejo sem direção, perdido, sem saber como
ajudar mais. Sinto que faço pouco e me cobro por este pouco! Tento ser
positivo, mas a doença dela me assombra. Perder uma amiga que acabei de
conhecer, me assusta, ainda mais quando ela esta tão frágil, tão vulnerável e
carente.
A vida não tem sido muito justa com ela.
Primeiro, uma separação ocasionada por uma traição. Pior, o pivô da separação foi
à sócia e amiga, pessoa que ela confiava. Além da dor da separação ela tem que
conviver com eles diariamente na empresa. Depois, a doença quando ela estava
sem ninguém. Todos amigos sumiram e o filho, na Austrália!
Em curto espaço de tempo, seu mundo caiu e ela
se viu sozinha. Aliás, se viu sozinha, pois hoje ela não está mais. Ela ganhou
um novo amigo, naquele dia frio, na cafeteria. Recordo que eu estava saindo do
supermercado com minhas compras diárias quando avistei aquela moça chorando
sozinha enquanto tomava um café. Não resisti e perguntei se ela precisava de
ajuda. Ela sorriu e disse que não. Mas, mesmo assim, eu insisti e perguntei se
eu podia sentar com ela e pedir um café também! Ela nada disse, apenas sorriu e
eu sentei.
Após alguns minutos em silêncio, apenas nos
olhando, ela segurou minha mão e contou que estava com câncer. Que na próxima
semana começava a quimioterapia. Também relatou que seu marido havia lhe traído
com a sócia da empresa e que tinha que conviver com eles, diariamente.
Confesso que fiquei sem saber o que dizer.
Apenas me ofereci para levar ela na quimioterapia sempre que eu pudesse. Depois
disso, todos os dias, após o trabalho, a gente se encontra para um café e jogar
conversa fora. Ficamos amigos íntimos. Ela contou que tem vergonha de usar a
bolsa de colostomia, que sente falta dos amigos, do filho e que a empresa vai
bem apesar da crise que o Brasil atravessa.
Hoje, meu sonho e esperar pelo diagnostico: curada! Tenho muita fé nisso
e sei que nada é impossível se acreditarmos. – JK – 25.04.19
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