sábado, 26 de dezembro de 2015

Velório avesso

Após um bom período ausente do meu Blog, resolvi atualizar ele, dar uma roupagem moderna aos contos, quase todos verídicos e que deverão fazer parte do meu livro a ser lançado em um futuro próximo. Dando início, o conto Anjo Avesso escrito em 31 de janeiro de 2010. Espero que gostem!





Velório avesso

 A vida é recheada de fatos engraçados, atropelos. Talvez um fato que mais tenha me marcado aconteceu em uma situação um quanto inusitada.

  A mãe de uma amiga havia morrido. Ficamos sabendo disso ao sair do Incitatus, uma boate de Caxias do Sul, isso por volta das 6h, nos saudosos anos 80. Como bons amigos que éramos eu, Andréa e Christiane, resolvemos sair da boate e irmos direto ao velório. Só que já estávamos para lá de Bagdá, pois, pra variar, havíamos tomado todas. De quebra, o velho moderador de apetite para dar mais energia.

  Lá fomos os três para o velório nas capelas mortuárias do Pompéia. Lá chegando, Andréa e Chris entraram. Eu fiquei fumando um cigarro. Depois, fui comprar umas balinhas para purificar o hálito.

  Entrando na sala, fui direto ao espaço reservado aos familiares. Dei os pêsames a todos, tomei café, conversamos sobre a causa da morte, falamos da família e, principalmente, de agricultura. Isso que eu não entendo nada de agricultura. E, nada de Lissandra, a amiga que perdeu a mãe, aparecer.
 Depois de ter enchido a cara de café, resolvi sentar com os familiares em volta do caixão. Lá rezei o terço com um grupo de senhoras. Passado mais de uma hora, estranhei que Lissandra não tinha aparecido, tampouco a Andréia e a Nani estavam no velório. Pensei comigo mesmo? Aonde será que elas estão. Nisso, uma senhora resolveu arrumar umas flores junto aos pés da falecida. Resolvi ajudar, mas, para meu espanto, olhando bem o morto, descobri que o mesmo era homem, que havia entrada na capela errada. São três capelas, uma do lado da outra. Resultado, de nervoso, me deu um ataque de risos. Tive que sair rapidinho do local para não fazer fiasco.

  Passado o ataque de risos, entrei na segunda capela e nada das gurias. Não é que o velório estava acontecendo justamente na capela três. Lá entrando, fui finalmente abraçar a Lissandra. Já as gurias, estavam preocupadas comigo, pois havia sumido há mais de duas horas. Fomos lá fora e contei o que aconteceu. Recordo que nós quatro sentamos no meio fio e caímos nas gargalhadas. Por um momento, esquecemos da tristeza deixando a alegria tomar conta.

  Até hoje conto esta estória, e sempre que relato caio nas gargalhadas. O que faz o álcool e as drogas. Mas, uma coisa aprendi: sair de festas direto para velório, nunca mais, ainda mais depois de ter bebido todas.

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