sábado, 11 de junho de 2011

Carta a uma amiga


 Sábado frio em Caxias do Sul, cinco graus. Há esta hora você deve estar se arrumando para ir à análise. Espero que já esteja surtindo os resultados, que esteja se sentindo melhor.

 Não fiquei brabo com o que vou escrever, mas você precisava de terapia. Tua bipolaridade era constante demais em tua vida. Em frações de segundos você mudava, pra pior, é claro! Eu nunca sabia como você ia estar, sem contar que você descontava tudo em mim. Eu era seu saco de pancadas, desabafo. Mas, tenho fé que você vai chegar lá, achar um equilíbrio. Estou feliz por você estar indo no Rogério, tenha certeza disso!

 Ao contrário de você, não consegui me relacionar com ninguém. Confesso que até conheci uma ginecologista da capital, inclusive, lhe enviei um torpedo dentro do ônibus quando estava indo pra aí.

 Ela é dez, super legal! Não sabia o que fazer para agradar, pra me cortejar, mas, não rolou. Fiquei com pena dela. Investiu pesado: jantar romântico, almoço refinado, presentes, shopping, cinema, cafés luxuosos,... mas, não rolou nada. Você ainda ta muito presente comigo. Aqui em Caxias também conheci, pra variar - outra médica, desta vez uma recém formado -, mas, não me agradou.

 Meus amigos insistem em me apresentar alguém, mas, não tenho interesse. Não gosto destes encontros às escuras, sem contar de que em Caxias do Sul já conheço grande parte das pessoas. Então, com certeza, esta pessoa não deve ter despertado minha atenção. Até um amiga do peito resolveu investir em mim. Pode? Não vou pra cama com amigas, disso eu tenho certeza! Prefiro preservar minha amizades.

 Tenho teclado com quatro pessoas legais, mas falta coragem e vontade de conhecer. Uma é metalúrgica, outra representante comercial, uma pediatra e a última, professora. Não quero iludir ninguém, portanto acho melhor ficarmos, ao menos por enquanto, só no msn, orkut e face book, embora saiba que ta na hora de eu te esquecer, seguir minha vida. Não posso mais ficar aqui sentado à beira do caminho.

 Enquanto meu coração não bate descompassado por alguém, torço por você, que teu namoro vá pra frente, tenha certeza disso! Volto a frisar: tudo o eu que quero e ver você bem, feliz, embora, saliente, sentir tua falta. Afinal, foram sete anos. Éramos cúmplices, amigos. Eu vivia pra você, pra minha família e pro meu trabalho. Este era meu mundinho. Nunca te trai, nem tive vontade. Estava feliz com você, com meu mundinho, conosco.

 Seguido me pego pensado em você! Saudades das nossas conversas, nossa rotina, nossas comidinhas em casa ou fora, passeios, cinema, de ficar em casa abraçadinhos vendo filmes, do seu apartamento, de passar horas no Expresso Caxiense, dos nossos torpedinhos, dos passeios pelo brique, da longas horas na Saraiva seguido de Cultura e Fnac... Ás vezes quando percebo estou com olhos cheios de lágrima chamando mor, mor, mor, pelos cantos da casa. Mas, bola pra frente que atrás vem gente. A fila tem que andar e a vida continua, não para.

Enquanto a separação fez bem pra você, afinal emagreceu 14 quilos, eu engordei dois. Não consigo emagrecer, nem tenho vontade. Quem me quiser vai ter que me querer gordinho mesmo, terá que me aceitar do jeito que sou.

Por aqui todos bem! A Mãe ontem que desmaiou na rua e ta com o rosto todo roxo. Mas, isso não impediu de irmos almoçar logo mais no Iguatemi e escolher a armação do meu óculos. Sim, fui ao oftalmo ontem e terei que usar.  Já na quarta-feira tenho urologista. Exames revelaram duas pedras nos rins esquerdo. Quero ver se já marco a cirurgia. Não agüento mais sentir dor.

 Fico triste por tua mãe não estar gostando de Palmeiras das Missões. Por outro lado espero que teu pai esteja. Torço para que seja só o período de adaptação. Eu gostava dela quando morei. É pequena, mas, uma boa cidade.

 Ah! Mãe pediu para você não dar os quadros que ela pintou. Se quiser dar, ela os quer de volta. E, a Jeanine quer a outra cadeira preta. Não dê para ninguém a não ser pra nós.

Se cuida! O que precisar, conte comigo! E, tenha certeza: não guardo mágoas. Como diz a canção: “A mágoa é como um rio, é bom de ver passar”.

Beijos

2 comentários:

  1. Jean meu Garfield.

    Lindo desabafo, confesso que quase chorei aqui.

    Dói né?

    Lembranças...

    É inevitável,mas faz parte de nossas vidas.

    Fica bem tá?

    Bjsss.

    Márcia Fernandes.

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  2. Nossa, Jean, que desabafo! Não sei se teria coragem de falar tudo isto. Mas minha história é muito parecida com a sua, só que a diferença de tempo é de 20 anos. Fiquei casada durante 28 anos....e o resto não existe mais. Ele me largou, deixando um bilhete 'fui embora'...só isto!
    Entendo bem, mas vamos superar e tentar a felicidade. Depois, temos nossas famílias e família é tudo!
    Abraços carinhosos
    Regina

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