De repente, não mais que de repente, me olho no espelho e descubro que não sou mais aquele garoto que queria mudar o mundo. Percebo que envelheci! É como se eu fosse o personagem da velha canção dos Titãs: "Caras como eu".
Afinal, caras como eu estão ficando raros e com menos cabelos. Talvez mais gordos, mais lentos e mais espertos. Caras como eu chegam sempre no horário e morrem solitários. Se fazem presentes quando não estão mais.
Guardam suas vidas em pen-drive, esperando que a qualquer momento alguém as delete. Relembram seu passado, seus amores, como um velho museu. Caras como eu estão à mercê de Deus, onde qualquer gripezinha pode levar ao céu ou ao inferno.
Caras como eu estão perdendo o gás, a imaginação e o vigor. Estão retirando do coração a dor, as mágoas e as angústias. Querem mais ser felizes e menos rabugentos. Caras como eu agradecem por terem vivido mais de 60 anos e terem tido o privilégio de ter acompanhado muitas das transformações que o mundo passou neste tempo.
Caras como eu são como velhos soldados que sobreviveram a muitas guerras e, apesar das inúmeras cicatrizes, sonham com um mundo melhor, com menos injustiças sociais. - JK
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