Como dizia o Lemiski: “se meu
mundo caiu, eu que aprenda a levitar”. Pois é isso mesmo que eu preciso fazer,
aprender. Tuas palavras doeram, ainda doem, mas vai passar. É preciso deixar
sangrar, ver o sangue escorrer para depois estancar, cicatrizar, curar as
feridas.
Jamais pensei que determinadas
palavras pudessem ter tanta força sobre nós, fizessem tantos estragos em nossa
alma, coração e mente. Minha alma parece estar cortada, rasgada, parece que
sofreu estilhaços de um louco atirador.
Sabemos que estamos ficando
velho, gordo, solteirão, que não conseguimos nos realizar profissionalmente ou
sentimentalmente, mas é duro quando alguém te cobra, joga isso na cara entre
outras coisas. O pior, de alguém que você ama demais, que você só deseja a
felicidade, só quer o sucesso. Mas, infelizmente, contratempos acontecem,
aconteceram. Vai sangrar, mas vai passar!
O ruim é que as palavras ficam
na tua mente, cérebro. Você para pensar é descobre que tudo que lhe falaram é
verdade ou tem um fundo de verdade!
Vamos por etapas. Velho! Mais de
quarenta anos, cabelos e pelos começando a cair, rugas aparecendo por todos os
lados, determinada intransigência,... E o pior, barriga, descobrimos que
estamos gordo. Até então, nos aceitávamos. Ríamos da própria gordura, fazíamos
piada, mas, quando alguém joga isso na tua cara em uma hora de raiva, o sentido
muda completamente. Ah, se muda! Já não sei quantas vezes me olhei no espelho,
pelado, e não gostei de nada do que vi, nenhuma vez!
Mas, o pior esta por vir: “você
não consegue se relacionar com ninguém por ser genioso demais, tu só sabe
magoar as pessoas, ofender. Por isso ninguém te quer, agüenta”. Pensei,
repensei: será que sou assim mesmo? Mas, é fácil julgar quando você não está comprometido
com alguém, não vive 24 horas com esta pessoa, apenas acompanha de longe.
Nunca contei, revelei os motivos
por meus relacionamentos terem terminado. Sou quieto, calado. Sofro sozinho. Mas,
o que ninguém sabe, é que, ao menos o último, o fim do relacionamento foi à
família, esta mesmo que me cobra uma posição hoje.
Eu abri mão de morar junto,
“casar” para dar assistência a minha família, principalmente a minha mãe que
começa a ficar velinha e vai precisar de alguém do seu lado. Quis ajudar os
sobrinhos, na medida do possível, com algum conforto material, ao menos até se
formarem ou enquanto eu tiver condições.
Sei que o jeito que conduzo
minha vida não é tido como forma popular, com as regras que a sociedade dita e
impõe. Mas é a minha vida! Infelizmente eu não escolhi e, se pudesse escolher,
não escolheria desta forma. Até eu me cobro, questiono! Às vezes acho que sou
fechado para o mundo justamente por isso. Seleciono bem os amigos, saio pouco,
me fecho no meu mundinho justamente para não magoar ou ser magoado.
Só sei que às vezes tenho
vontade de sumir, esta é uma destas horas. Minha tristeza já dura, perdura
dias, mas vai passar. Como diz a canção: “a mágoa é como um rio, é bom de se
saborear, a dois, bem juntinhos”, mesmo que este juntinho seja a pessoa que te
magoou – e tem que ser ela- e, por conseqüência, você também magoou.
Não pensem que sou santo, pelo
contrário. Sou áspero, cruel com as palavras, ferino. Cuidado comigo! Mas,
perdoar e ser perdoado é preciso, sempre!